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há mar em mim

31
Jan17

Pedaços da infância

C.S.

Quando eu era pequenina não haviam muitos livros em minha casa, a explicação é simples, os meus pais nunca foram muito dados à leitura. Lembro-me da minha mãe me comprar uns livros de histórias, da Disney, que mandou vir do Círculo de Leitores, e lembro-me de folhear os livros e adorá-los. Vi-os e li-os muitas vezes, tinha muito cuidado com eles, como aliás tinha com todos os meus brinquedos. Estes livros teriam durado até aos dias de hoje e eu ainda os teria, certamente, se a minha irmã (mais nova) fosse cuidadosa como eu, mas não era, nunca foi. E eu um dia cheguei da escola e vi os meus preciosos livros todos riscados e rasgados. Doeu. Gostava muito deles.

Penso que me encontrei novamente com os livros e com a leitura, com o mesmo entusiasmo e vontade de saber sempre mais sobre o enredo, quando fui para o 5.º ano e a culpada desse facto, não tenho qualquer dúvida, foi a minha querida professora de português, M.J.R.

Tenho a certeza que passei a adorar a língua portuguesa, a leitura e a escrita por causa dela, que nos ensinava e incentivava diariamente. Também transparecia nela uma enorme paixão pela literatura. E foi ela que me desafiou a visitar a biblioteca da escola, a ir buscar livros para ler, para ganhar vocabulário e ir melhorando alguns erros ortográficos que eu teimava em dar.

Aquela biblioteca tornou-se a minha segunda casa, pois eu passava todo o dia na escola e se não estava nas aulas, estava na biblioteca. Li toda a coleção de livros de Uma aventura e a partir daí fui lendo cada vez mais.

A professora M.J.R. foi minha professora até ao 8.º ano e minha diretora de turma também. Gostava de ter oportunidade de voltar a falar com ela, de agradecer-lhe e explicar-lhe a importância que teve na minha vida. Outro dia a minha mãe encontrou-a no supermercado e diz que ela me mandou um beijinho. Achei extraordinário que ela ainda se lembrasse de mim e da minha mãe. Há pessoas que nos marcam e não sabem que o fazem.

Agora fiquei com vontade de contactá-la, talvez ligue para escola e tente saber se ela ainda está por lá.

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30
Jan17

Confissões de segunda(feira)

C.S.

Neste momento existe alguém que me faz ansiar pelo nosso reencontro. Alguém que quando me vê abraça-me e envolve-me de uma forma única. Tão única que o meu corpo aquece imediatamente com a nossa proximidade. O meu marido sabe da nossa relação, às vezes sente um pouco de ciúmes, mas já se habituou a esta nossa cumplicidade, já compreendeu que o que desenvolvemos vai muito além do racional.

Tenho de vos confessar que as segundas são os dias mais difíceis, são os dias em que a nossa distância se torna quase insuportável e eu passo os dias a repetir mentalmente: "minha querida caminha, aguenta, sê forte e prepara-te para o nosso maravilhoso reencontro.

29
Jan17

1. Coisas maravilhosas que o meu (pouco) dinheiro não pode pagar

C.S.

Domingo é dia de descanso. Deve ser o dia de aproveitar o que a vida tem de melhor e admirar o que nos rodeia. Por isso, vou fazer dos domingos, aqui no blog, dias de apreciar coisas belas, (três de cada vez), daquelas que nos cortam a respiração e dão vontade de gritar Q-U-E-RO, enquanto nos restar ar nos pulmões, (até vermos o preço, claro).

Quero esclarecer-vos que as coisas que por aqui vão aparecer não têm de ser, necessariamente, das colecções mais recentes, último grito, ou coisa semelhante. Vêm aqui parar porque me fazem suspirar, algumas até podem já não ser tendência, mas eu não quero saber de nada disso, podiam aparecer-me por artes mágicas à porta de casa que eu ia a correr resgatá-las.

 

Desejo n.º 1: Um vestido floral Dolce&Gabbana

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 Desejo n.º 2: Josefinas Dream Big

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 Desejo n.º 3: Saco Fossil Cabas Rachel

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 E é isto! Bom domingo. 

28
Jan17

E eu suspiro...

C.S.

O Natal parece que foi há uma eternidade, vivemos o pico da gripe, janeiro arrasta-se e o frio faz-nos tremer.

E eu suspiro.

As notícias na televisão são tudo aquilo que não queríamos, o Trump está a cumprir com o que prometeu e a Europa parece ignorar cada vez mais o problema dos refugiados.

E eu suspiro.

A conta do supermercado cada vez mais pesada, o trabalho cada vez menos motivador e à nossa volta cada vez mais caras fechadas.

E eu suspiro.

Inspiro e Expiro e penso em agosto.

Penso nas férias, na areia quente, na água fresca, nos gelados, no silêncio que ouço quando mergulho e nos sorrisos de todos.

Penso onde gostava de ir e onde irei na realidade.

E suspiro.

Bali, Varadero, Samaná, Ilha do Sal, Puket...

Fecho os olhos, imagino e suspiro.

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27
Jan17

O mundo doente

C.S.

O mundo doente.

Demente.

Frio, rasgado.

O mundo solitário.

Temerário.

Abandonado, desgastado.

O mundo sofre.

Em silêncio. Sangra.

E eles vão rindo.

Vão delirando.

Vão gostando.

O mundo que já não foge.

Que eclode.

Vingativo.

O mundo que acaba.

Não hoje.

Primeiro eles.

O mundo que ri, tímido.

Depois...

Rancoroso.

Amargo.

O mundo que engole

Quem o cuspiu.

 

 

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(Depois de ler algumas notícias de hoje e sabendo que hoje se assinala o dia em memória das vítimas do Holocausto, não consigo mais que isto.)

27
Jan17

Ontem a minha vizinha descansou

C.S.

Tenho uma vizinha, que mora num prédio próximo do meu. Da minha cozinha, enquanto como o pequeno-almoço, vejo-a. Sempre atarefada, sempre com pressa, sempre com demasiado para fazer. E tudo o que ela faz gira à volta de roupa, que apanha e estende a um ritmo alucinante. Às vezes, quando saio de casa já vou cansada só de olhar para ela. Na sua varanda minúscula a minha vizinha estende as suas preocupações, apanha os seus problemas e dobra as suas dúvidas. Todo o seu mundo se resume àquela varanda, que está sempre demasiado cheia.

Não imaginam o meu alívio quando vi que ontem estava a chover, apressei-me a levantar o estore da cozinha e sorri ao constatar que hoje a vizinha tinha um dia de descanso. Nem sinais de roupa. Nada.

Julgo que nos dias de chuva ela se senta no sofá, a saborear um belíssimo café quentinho, enquanto liga às amigas para colocar a conversa de anos em dia. 

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26
Jan17

Dezassete dias depois...

C.S.

Comecei este blog no dia 9 de janeiro. Nasceu da necessidade de eu voltar a encontrar-me com as palavras. Gosto de escrever, sempre gostei. Quando era miúda tinha sempre um caderno e uma caneta na mesa-de-cabeceira onde rabiscava aquilo que me tirava o sono. Durante um tempo afastei-me das letras pessoais e dediquei-me só às letras profissionais. Mas tinha saudades de escrever só porque sim. E o meu marido diz que eu tenho opinião sobre tudo, que pareço uma comentadora (será um elogio?).

Vai daí, no início deste 2017 que não tem sido fácil, decidi criar este blog para me reencontrar com uma velha amiga, a escrita. Por isso tenho de vos confessar que fiquei muito feliz ao ver que dezassete dias depois da criação do blog um dos meus desabafos foi parar, nem sei bem como, aos destaques do SAPOBLOGS. Que giro!

Em jeito de comemoração, deixo-vos esta foto de que gosto tanto. Tirei-a no início de dezembro, na primeira vez que visitei a cidade de Londres. Subi ao LondonEye sozinha e sozinha absorvi toda aquela belíssima paisagem e experiência. Julgo que esta foto ilustra o momento e dá-nos também a sensação de topo, de lugar de destaque.

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26
Jan17

O senhor que se achava mais importante do que aquilo que era na realidade

C.S.

Era uma vez um senhor que se achava imensamente importante. Este senhor achava-se tão importante que queria que lhe reconhecessem tanta importância quanto aquela que o sol tem para os habitantes da Terra. Por isso, o dito senhor pintava todos os dias a sua cara de laranja. Era um trabalho moroso, mas ele não abdicava dele. Estava determinado, nada o ia impedir de realizar o seu sonho.

 

Na esperança de conseguir atingir os seus objetivos, o senhor fechou-se um dia inteiro na sua torre gigante e começou a pensar como poderia conseguir simpatizantes. Que teria ele de fazer para que muitos o ouvissem e acreditassem naquilo que ele dizia? Afinal, se ele tivesse muitos seguidores mais facilmente conseguiria o lugar de destaque que tanto ambicionava. Após o retiro a que se submeteu o senhor tinha traçado o seu plano do mal. E era do mal porque ele não iria olhar a meios para atingir o seu glorioso objetivo.

 

Começaria por dizer exatamente o que os seus seguidores queriam ouvir. Depois de os conquistar, sacrificaria o que fosse necessário: a liberdade, o planeta, a tolerância, as relações de amizade com amigos de longa data… Tudo era válido para ele. Nada nem ninguém o iria impedir.

 

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Amigos, a verdade é que esta história ainda está a ser escrita, o senhor já se sente tão importante quanto o sol e já conseguiu uma nova casa que lhe atesta essa mesma importância, não sabemos se continuará a destruir o planeta e os sonhos daqueles que o rodeiam, mas mantemos a esperança de que, não podendo ter um final feliz, esta história possa não ter um final trágico.

 

25
Jan17

Este janeiro gelado

C.S.

Este janeiro gelado tem sido difícil para mim. Já anunciei cá por casa que pretendo riscá-lo do calendário de 2017, na esperança que esse risco leve consigo os consecutivos episódios de má memória que têm acontecido ao longo deste mês. É um mês que ainda não acabou e já cansa.

 

Por mim, já decidi, assim que ele se for de vez não se toca mais no assunto, para não transportar qualquer má sorte para os seus sucessores.

 

Bom, como eu não gosto de me lamentar muito, só o suficiente para aliviar o stress e a ansiedade causados por tempos desafortunados, procuro sempre rir-me dos problemas, encontrar algo de cómico neles e rir à gargalhada e neste campo não estou sozinha, pelo contrário, tenho um marido maravilhoso que me segura na mão e que tem uma gargalhada tão audível quanto a minha. E assim vamos, rindo dos problemas, contornando-os juntos e vendo sempre o lado brilhante da questão, em vez do lado fosco.

 

Vou deixar-vos esta divertida música que, quanto a mim, tem um vídeo igualmente gracioso e é suficiente animada para nos fazer sorrir neste/deste janeiro terrível, que se tem mascarado de cordeiro para atacar através dos seus dias solarengos.

 

24
Jan17

Poderá um objeto ser mais que isso?

C.S.

Já alguma vez fizeram uma mudança de casa? Já passaram pelo processo de ver todos os vossos objetos pessoais empacotados? Eu já passei por isso, mais do que uma vez, e tive a estranha sensação de ter a minha própria vida metida em caixas. É estranho, mas ligamo-nos a certos objetos de uma forma quase transcendental, vai muito além daquilo que são, passam a ser aquilo que fazemos deles. As memórias que nos trazem, os sentimentos que voltamos a sentir quando lhe tocamos.

 

Não o posso negar, sempre me considerei um pouco saudosista e com isto não quero dizer que fico agarrada ao passado, pelo contrário, porque não sou pessoa de pensar nos "se's", mas muitas vezes sinto saudades dos momentos que me fizeram feliz e ter objetos que me ligam, de alguma forma, a essas memórias faz com que me sinta mais preenchida, digamos assim.

 

É verdade que a vida não é feita de coisas, mas sim de momentos e pessoas que os vivem connosco e que lhes dão significado, contudo, é inevitável que transportemos do nosso passado algo palpável, algo que nos lembre que foi real e não um belíssimo sonho.

 

Já me aconteceu, felizmente mais que uma vez, estar a viver um momento tão plenamente, sentir-me tão feliz com o que acontece à minha volta, que dou por mim a pensar: "caramba, aproveita bem porque amanhã já vais sentir saudades".

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