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há mar em mim

05
Jul17

Recuar no tempo ou desejos mórbidos

C.S.

Lembram-se dos vossos tempos de ensino básico? Algures entre os 12 e os 14 anos?

Creio que todos guardamos memórias desses tempos, umas melhores que outras, certamente, mas todas marcantes.

Quando eu andava no oitavo ano a minha turma integrou uma série de alunos repetentes, alguns já com várias retenções mas, de um modo geral, eram todos bastante simpáticos e dávamo-nos bem. 

Um dia eu decidi que queria que os meus colegas me assinassem a mochila, todos o fizeram de forma mais ou menos inspiradora, todos contribuíram com a sua dedicatória. Porém, uma das minhas colegas mais velhas e mais rebeldes, (teria 16 anos e eu 13), decidiu escrever o seguinte: "Espero que morras nova para nunca teres de chegar a velha".

Eu olhei para aquilo e acho que tive vontade de lhe dizer que me arruinou a mochila, mas não o fiz. Lembro-me dela dizer que a velhice a assustava e que desejava morrer nova.

Hoje não consigo decifrar qual seria o conceito dela de nova, mas julgo que aos 16 anos todos achamos que ter 30 já é ser quase velho. 

A verdade é que ela não o fez com mal intenção, fê-lo porque queria parecer a mais "fixe". Mas de alguma forma eu nunca esqueci aquela frase, porque me pareceu um desejo completamente descabido e contraditório à maravilha que é estar vivo e poder viver a vida que queremos.

Poderia uma miúda de dezesseis anos desejar tal desfecho? Eu gosto de pensar que não, que a simples passagem do tempo não é motivo para desejar morrer e que ela só o fazia para manter um certo estatuto.

E porque me lembrei eu disto? Porque ontem vi uma senhora na tv a dizer que não sabe como se envelhece, não consegue conceber o termo de terceira idade para ela própria.

 

 

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