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há mar em mim

28
Jun17

Desculpem, mas vou ter de opinar sobre isto...

C.S.

Ontem, julgo que como a maioria, fui espreitando o concerto solidário. Mudava aqui e ali, sempre que apareciam cantores que me causam comichão nos ouvidos, mas digamos que vi grande parte e vi o final, aquele de que se fala, que teve o Salvador Sobral como protagonista. 

Chamem-me parva, mas tenho de vos confessar que não pude deixar de rir assim que ouvi aquilo. Ri. Não o interpretei como um desrespeito, pareceu-me algo que lhe saiu naturalmente, talvez acusando a pressão de ter ficado para último, numa tentativa de usar a sua música como um hino qualquer à união... Não sei. Mas aquele protagonismo não é, de todo, a cara do Salvador e o resultado foi aquele momento/desabafo desastroso, mas caricato. Consagrando-o mesmo como um anti-herói.

Lembrei-me imediatamente da entrevista que o Salvador deu ao Alta Definição e onde confessou que não se leva muito a sério e que às vezes tem atitudes que nem ele próprio compreende, em momentos, nos concertos, que deveriam ser mais solenes e onde acaba por dizer coisas que deveriam ficar apenas na sua mente. 

Quando apaguei a tv pensei: "Salvador, o que tu foste fazer, amanhã haverá gente a querer crucificar-te.". E não me enganei. Se ele podia ter estado calado? Podia. 

Mas convenhamos que o concerto foi um gesto bonito, que marcou uma união nunca antes vista, que muito dinheiro foi angariado, (parte dele irá para os cofres do estado, pois aos 0,60cent. acrescia o IVA), mas que houve por ali muita coisa forçada, nomeadamente, a tentativa de encaixar todas as letras de músicas cantadas na desgraça que aconteceu; o agradecimento final a Marcelo Rebelo de Sousa, que representa os portugueses, mas que é o chefe máximo do governo que tem tentado descartar-se das culpas; houve celebridades a dançar e a cantarolar para as câmaras, celebrando nem sei bem o quê... Enfim, houve de tudo. 

E querem que vos diga do que gostei mais? Gostei da simplicidade de Miguel Araújo, de Rui Veloso, da chamada de atenção da Luísa Sobral, mas sobretudo, gostei da indignação de Jorge Palma, que estava visivelmente aborrecido, não por ajudar, mas porque todos os anos os incêndios se repetem e quem pode, de facto, fazer algo para evitá-los ao máximo tem andado a assobiar para o ar. Grande Jorge! 

 

 

28
Jun17

Um fim de semana para carregar baterias (III)

C.S.

O terceiro e último dia da nossa pequena viagem foi intenso, isto porque tomámos o pequeno almoço em Alcobaça, almoçámos em Óbidos, jantámos em Évora e viemos dormir já ao Algarve. Mas vamos por partes.

O dia não podia ter começado melhor, pois tínhamos massagens agendadas pela manhã, imediatamente a seguir ao pequeno almoço. E após este momento relaxante e o check out no hotel rumámos a Óbidos, já sobre a hora de almoço. A vila estava cheia de turistas e os restaurantes bastante compostos, mas lá encontrámos um por onde petiscar. Tive pena de não ter mais tempo para explorar Óbidos, mas ficou a vontade de voltar e a ideia de que é uma vila de uma beleza muito singular.

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Após a rápida visita a Óbidos dirigimo-nos ao Bacalhôa Buddha Eden, acerca do qual eu tinha uma grande expectativa, pois já muita gente me tinha falado deste espaço. E o que vos posso dizer é que merece a visita, mas não me parece que justifique uma excursão (como tantas que haviam por lá) propositada só a este local. Depois, fiquei com a sensação de que o parque não estaria em todo o seu esplendor, (não faço ideia se isto é verdade ou não), já que existiam locais onde me pareceu que deveria haver água a correr, no entanto, não se verificou e isso deixou-me um gostinho amargo na boca, até porque a entrada no parque é de 4€ por pessoa.

Mas é um jardim muito bonito, com esculturas absolutamente fantásticas.

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Feita a visita ao parque, rumámos a Évora, pois queríamos jantar com a família e, ainda que tenha sido visita de médico, regressámos a casa com o coração cheio.

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28
Jun17

A Íris

C.S.

Um dia a Íris sonhou em ter um mano ou uma mana. Garantiu aos pais que não se importaria com o sexo, que ajudaria a cuidar do bebé com o mesmo interesse e cuidado, independentemente deste ter uma pilinha ou um pipi. Chorou, implorou, chegou mesmo a fazer uma grande birra.

Os pais nunca deram um irmãozinho à Íris, foram-lhe dando brinquedos, grandes festas de aniversário, foram-na mimando como puderam e souberam, mas à Íris faltou sempre algo maior.

Cresceu e deixou de falar no assunto. Mimada e irreverente, a Íris explicou a si mesma que os pais não quiseram mais filhos por ela ser tudo quanto lhes bastasse. Mas quis a ironia da vida que a Íris ficasse sem os pais aos vinte anos, resultado de um trágico acidente. Duro golpe. Demasiado duro para qualquer idade, mas mais ainda para quem está a fomentar a sua personalidade, para quem ainda acha que pode tudo e que tem a vida toda pela frente, ou não fossem os vinte anos a idade da imortalidade.

A Íris viu-se sozinha no mundo e, estranhamente, sentiu saudades do irmão que nunca conheceu, da irmã que nunca abraçou, do irmão com quem nunca teve hipótese de brigar ou da irmã com quem nunca teve de lutar pelo vestido preferido.

Conheceu o peso da palavra solidão demasiado cedo. Apesar dos avós e dos tios, que tanto a apoiaram e mimaram, ela nunca mais se voltou a sentir completa. Interrogava-se várias vezes como seria a vida se os pais a tivessem privado de bens materiais, mas lhe tivessem dado alguém com quem partilhar as dores e os amores, as conquistas e os erros.

Aos 33 anos a Íris engravidou e recebeu a melhor notícia que alguma vez lhe tinha sido comunicada: estava grávida...de gémeos.

 (Imagem aqui)

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