Eu tinha razão em não querer saber
Ouvi e vi na tv e na internet, durante todo o fim-de-semana, referências a acontecimentos violentos que ocorreram numa discoteca em Lisboa. E sempre que o tema veio ter comigo eu evitei-o.
Porquê? É simples. Estou cansada de violência. É algo que aumentou exponencialmente nos últimos anos, pelo menos é assim que eu o sinto. E não, não me refiro só aos atentados, que por enquanto ainda vão acontecendo além fronteiras. Se bem que eu sinto-os já aqui, mas adiante... Refiro-me também ao nosso país, à nossa cidade, à nossa rua... A violência está a tornar-se banal e isso é assustador.
Assusta-me que estejamos a habituarmo-nos a um nível tão grande de violência ao ponto de deixarmos de sentir compaixão. Vejo-o por aí... Vejo-o nos mais novos. E é aterrador.
Evitei as notícias sobre a discoteca Lisboeta, porque me é fácil imaginar o que terá acontecido, pois já não foi a primeira vez. Todavia, ontem ao jantar eu e o A. conversávamos despreocupadamente, sobre tudo e nada, até que ele diz:
- Vi imagens sobre aquilo que aconteceu no Urban.
Ainda não tínhamos mencionado o assunto cá em casa e eu deveria ter ficado caladinha, mas disparei:
- Ah sim?! E então?
Estava a jantar e não estava preparada para o breve relato que veio a seguir. Ainda que ele não tenha aprofundado grande coisa, porque já sabe como eu sou. Ainda assim, um arrepio percorreu-me o corpo ao ouvi-lo e, imediatamente, lembrei-me de um filme que jamais esquecerei devido à violência nele contida: América Proibida. Esta lembrança e o saber que há gente aqui tão perto disposta a tamanhas barbaridades deixou-me com os olhos rasos de água.
Sou tola, eu sei. Mas sempre que puder vou evitar a violência o mais que possa. Não é que queira viver num mundo ilusório, é que a realidade dói-me.
(Imagem aqui)