Desvaneios sobre os transportes públicos
Gosto de transportes públicos. Sempre gostei. Tenho pena de não andar mais vezes.
Quanto a mim, regra geral, o nosso país está mal servido de transportes públicos. Sim, porque o país não se resume a Lisboa e Porto. Mas isso são outros quinhentos...
Os transportes públicos sempre me permitiram observar. Essencialmente observar, com o bónus de me poderem levar, também, onde quero.
O tempo de viagem não é minimamente controlado por nós, por isso, quanto a este ponto, ao embarcar resignamo-nos.
Há quem aproveite para dormir, quem ouça música, quem ligue à sua lista inteira de contactos, quem leia, quem jogue, quem navegue na internet, quem conte a sua vida inteira a estranhos. E existo eu. Que observo.
Nos transportes públicos as pessoas acham-se invisíveis, julgam que não são notadas por ninguém e por isso relaxam. Colocam a sua verdadeira cara, quer esta seja de tristeza ou de alegria. Enfrentam o cansaço, a depressão, o medo, o entusiasmo. Perdem-se em pensamentos sobre as suas próprias vidas e as suas vivências.
Nos transportes públicos tudo acontece, mesmo que tudo pareça estar no mesmo lugar.
Quando visito um país estrangeiro, o meio de transporte que mais gosto de usar é o metro. Ele é palco de amores, desilusões, apertos, assaltos, expectativas, pressas e encontros. É um pedaço de metal que se move ao sabor do pulsar da cidade que o acolhe.
E se pensarmos bem, os transportes coletivos são o retrato social perfeito da nossa sociedade, pois neles encerram tudo.
(Imagem aqui)