Às quintas-feiras, de manhã, não dou aulas. Aproveito sempre para fazer materiais ou corrigir testes ou justificar faltas ou planear aulas fazer tudo isso. E o tempo nunca chega. Há sempre coisas em falta. Há sempre um prazo a cumprir.
Mas hoje tive uma consulta, nada de especial, rotina. No entanto, decidi dar -me a um pequeno luxo. Tirar o resto da manhã para mim. Vir contemplar o mar, beber o café que adoro acompanhado de um pastel de nata. Ler um pouco.
É ou não é fácil ser feliz? É. Para mim é. O barulho do mar, um café, um livro e amor.
Hoje, nas Manhãs da Rádio Comercial, estavam a pedir para recordar coisas em que acreditávamos em crianças, aquelas coisas que só a inocência dos primeiros anos nos leva a acreditar, e eu fiquei com vontade de vir aqui partilhar este tema convosco.
Quando eu era criança acreditava que se o ecrã da TV se partisse do outro lado estariam as pessoas a representar aquilo que era transmitido. (Ahahahah...)
Também acreditava no Pai Natal, acreditei até que o professor de E.M.R.C. (vulgo moral), na escola primária, decidiu acabar com a minha fantasia e de uma forma algo cruel. Mas sabem que mais? Não resultou como ele queria. De certa forma, continuo a acreditar no Pai Natal, na magia desta quadra que, para mim, é a mais especial das festas, pois é a que aproxima as pessoas e aquece os corações.
Acreditei também na Cuca, uma espécie de Bicho Papão que a minha mãe inventou. Não fiquei traumatizada com a Cuca, até porque não me lembro de me aterrorizarem com esta figura, mas sei que às vezes se fazia referência a ela. Na minha cabeça era uma velha malvada que levava as crianças que se comportavam mal.
A minha irmã, que é mais nova que eu, acreditava que, quando a TV era a preto e branco, as pessoas, no mundo real, também se viam a preto e branco. Quando ela me disse isto foi uma delícia. O que eu ri...
Sou benfiquista. Já liguei muito ao futebol, mas hoje não sei praticamente nada do que se passa. E não, não é por o Benfica andar a perder uns jogos. Não é de agora que me desliguei desta realidade que movimenta milhões de pessoas.
Faz mais de 10 anos que a minha paixão pelo futebol foi esmorecendo. Deixei de acompanhar aos poucos e hoje pouco ou nada sei.
E o que sei é isto:
- Sei quando o Benfica é campeão e sei que o ano passado não o conseguiu ser.
- Sei que o Portimonense está na 1ª liga.
- Sei que o Sporting há uma data de anos que não ganha um campeonato.
- Sei que o Porto foi campeão o ano passado.
- Sei que o Sporting teve um presidente fanático. Obcecado com o Benfica e que quase afundou o Sporting. E sei que este presidente é suspeito de engendrar e/ou colaborar com um plano de violência gratuita que visou os jogadores do Sporting e o seu treinador.
- Sei que o futebol movimenta paixões, na mesma medida que movimenta milhões e milhões de euros.
- Sei que se dá demasiada importância a este desporto.
E hoje, quando ia no carro, a caminho do meu local de trabalho ouço que Bruno de Carvalho, antigo presidente do Sporting, foi detido e, em seguida, ouvem-se declarações do seu advogado:
A lei hoje permite detenções à noite, o que não era sequer possível no Salazarismo. E permite, portanto, estes abusos extraordinários de pretensas diligências, que são objetivamente atuações infamantes, aviltantes e vexatórias.
(ver a partir do segundo 29)
Ora, porque estou eu aqui com este palavreado todo? Porque estas declarações não me saíram da cabeça todo o dia. Incomoda-me que o Sr. Advogado ache que não podem ser feitas detenções à noite e tenha invocado o regime ditatorial como exemplo de defesa desta sua ideia.
Os crimes podem ser praticados à noite, mas as detenções não?
O suspeito estava a celebrar o S. Martinho e por isso deveriam ter-lhe ligado a questionar quando lhe dava mais jeito a detenção?
Deverá a GNR e a PSP fechar os postos durante a noite, uma vez que os hipotéticos criminosos não devem ser incomodados entre as 18h e as 7h?
Estou cansada do futebol e dos disparates que associados a ele surgem, mas sobretudo estou farta de que neste país ganhe destaque, que é como quem diz cargos com poder, gente sem princípios e com valores e ideais duvidosos.
Por isso, sim, eu fico mais descansada se continuarem a fazer detenções à noite, ao pequeno-almoço, na Páscoa ou Noite de Consoada...
O que não queremos é que continue a haver impunidade para gente que tem dinheiro para a pagar. Que haja justiça! Que sejam detidos, bem julgados e que se cumpram as penas, caso sejam confirmados como culpados.
O há mar em mimestá a testar uma nova funcionalidade que o SapoBlogs poderá vir a disponibilizar em todos os blogs em breve, por isso queria pedir a vossa colaboração.
Associei-me a este novo experimento porque me parece uma funcionalidade divertida e que poderá vir a permitir maior feedback para nos nossos posts. Porquê? Porque não necessita de nenhum tipo de login e não consome quase tempo nenhum ao leitor, trata-se de classificar com um emoji-sapinho o post.
O que acham?
Parece-vos útil? Divertido?
Escolhiam outros emojis para se expressarem?
Não se acanhem e contem-me tudo!
Deixo-vos uma imagem do post de quarta-feira, foi o primeiro dia em que a opção esteve ativa.
Cresci num local onde só há feira quando vem o bom tempo. Final de junho.
Vivo aqui há 3 anos e ainda não me habituei a esta.
Nunca a vi, só a oiço.
O barulho parece não combinar com o anoitecer às 18h ou o frio.
Na feira da minha infância havia luz do dia até às 21h. Havia a leveza das mangas curtas e o fresco da noite que sucede ao calor das tardes de junho no alentejo. Havia os gelados e a certeza de que na manhã seguinte não era dia de escola, porque a feira chegava na altura certa, como uma celebração perfeita do fim das aulas e do início das férias grandes.
A feira que se chama de S. João, mas que dura para lá do S. Pedro, aquele que confere o feriado do município, era local de encontros garantidos, poucos inesperados, uma vez que toda a cidade converge para o mesmo ponto.
Havia alegria, música, gargalhadas, carroceis, farturas, luzes, cheiro a cerveja, a frango e a polvo assado na brasa.
Ia-se à feira em família. Encontravam-se os amigos. Ponha-se a conversa em dia.
Éramos felizes ali. Na feira. Em junho. Era simples ser feliz.
Se te deixassem espreitar o futuro querias saber o que ele tem guardado para ti?
Um dia destes eu e o A. debatíamos esta questão. Ele foi perentório ao afirmar que não queria saber. Eu ponderei. Acabei por dizer que provavelmente também não espreitaria, mas ponderei. É que eu sou tremendamente curiosa, mas a verdade é que um vislumbre do futuro poderia fazer com que deixássemos de ter um propósito. Um motivo para sairmos da cama.
E se o que descobríssemos não nos agradasse?
Ou se nos agradasse por inteiro?
Se nos mostrasse algo que não queríamos ver, com certeza que o quereríamos alterar. E se não fosse possível? Como encararíamos a vida sabendo que o que nos espera no futuro é uma tremenda desilusão?
Por outro lado, se o que vislumbrássemos fosse uma espécie de sonho tornado realidade não poderíamos cair no erro de dá-lo como garantido? Não deixaríamos de nos esforçar? Que implicações teria tal comportamento?
Pensando bem, o desconhecimento acaba por nos dar mais motivação, torna-nos a vida mais leve.
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