Espreitar o futuro? Não, obrigada.
Se te deixassem espreitar o futuro querias saber o que ele tem guardado para ti?
Um dia destes eu e o A. debatíamos esta questão. Ele foi perentório ao afirmar que não queria saber. Eu ponderei. Acabei por dizer que provavelmente também não espreitaria, mas ponderei. É que eu sou tremendamente curiosa, mas a verdade é que um vislumbre do futuro poderia fazer com que deixássemos de ter um propósito. Um motivo para sairmos da cama.
E se o que descobríssemos não nos agradasse?
Ou se nos agradasse por inteiro?
Se nos mostrasse algo que não queríamos ver, com certeza que o quereríamos alterar. E se não fosse possível? Como encararíamos a vida sabendo que o que nos espera no futuro é uma tremenda desilusão?
Por outro lado, se o que vislumbrássemos fosse uma espécie de sonho tornado realidade não poderíamos cair no erro de dá-lo como garantido? Não deixaríamos de nos esforçar? Que implicações teria tal comportamento?
Pensando bem, o desconhecimento acaba por nos dar mais motivação, torna-nos a vida mais leve.
Fernando Pessoa tinha razão:
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!
(Imagem aqui)
Concordam?
Qual é a vossa opinião?
Espreitavam?