Música do dia
Às vezes acontece-me só uma música fazer sentido.
Hoje é esta. Em loop.
Bom fim de semana.
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Às vezes acontece-me só uma música fazer sentido.
Hoje é esta. Em loop.
Bom fim de semana.
Já viram isto?
Eu por cá... E como sou muito esperta, após dias e dias sem dar notícias, venho numa sexta feira à tarde, que normalmente é quando a malta menos aparece por aqui (ou é impressão minha?).
Não é que tenha grandes novidades, mas ainda assim vou fazer-vos um resumo do que tem sido este meu 2021.
Começou da forma mais tranquila possível, um belo jantar a dois e um brinde ao ano novo às 23h, porque ele ia trabalhar às 24h. Assim sendo, quando as outras pessoas todas brindaram fiquei doida com o entusiasmo demonstrado pelos meus vizinhos, fizeram tanto barulho, lançaram tanto fogo de artifício, que eu fui à varanda assistir, meio incrédula, e quando entrei em casa estava convencida de que estavam a celebrar o fim da pandemia e não o início do ano de 2021. Achei que se precipitavam.
Passados uns dias voltei às aulas e ainda a primeira semana não tinha terminado e já estava a ser chamada para fazer teste covid, pois uma aluna minha testou positivo. Afinal os vizinhos tinham mesmo desperdiçado fogo de artifício, pois continuava tudo na mesma.
O meu teste covid deu negativo, mas os alunos em isolamento aumentavam de dia para dia. Chegados a este ponto eu já achava que se calhar 2021 ainda poderia vir a ser pior que 2020.
"Vamos para casa, mas as escolas ficam abertas." - diziam nas notícias. E a ansiedade aumentava, e o medo e a desconfiança...
Passados uns dias os governantes tiveram que ceder e lá fecharam as escolas, mas não sem antes voltarem a surpreender toda a gente, pois iriam ser férias forçadas e não ensino à distância. Porquê? Não porque achavam que 15 dias em casa seriam suficientes para travar a pandemia, mas para tentarem entregar em 15 dias todos os computadores que estavam prometidos desde abril de 2020 e dados como entregues, na comunicação social, em setembro de 2020. É engraçado como estas coisas da política se fazem...
Foram 8 dias passados em estado letárgico e os outros 8 passados a tentar dar resposta à enxurrada de mails e tarefas que nos iam sendo atribuídas para dar início à versão 2.0 do ensino à distância.
E eis que chegamos ao dia de hoje. Foram muitas horas de Zoom numa semana e muitas outras se seguirão. Não sabemos quando tudo vai voltar ao normal, mas há notícias que garantem que é daqui a 10 anos... (Estas notícias só servem para espalhar o pânico, não é?) Valham-nos todos os Deuses!
Enfim...
Resta-nos fazer o melhor que sabemos e como podemos. Usar o tempo livre para trazer um pouco de felicidade às nossas vidas.
Gostam de comédias românticas? Pois vejam muitas.
Gostam de ler? Então devorem livros.
Gostam de um bom copo de vinho? Desfrutem dele.
Querem aprender a bordar? Ontem já era tarde.
Apetece-vos um bolo? Metam mão na massa.
Normalmente não celebram o dia dos namorados mas este ano apetece-vos? Força nisso.
Façam o que vos der prazer, que a vida não está para grandes planos e mais vale rir, ainda que não haja nenhum problema em deixar cair umas lágrimas.
A mim, hoje, deu-me para vir desabafar convosco.
Deixo-vos com um dos pensamentos que partilhei um dia destes aqui.
Se há coisa que eu gosto de fazer é ler um bom livro. Mas isto que agora afirmo aqui, com tanta certeza, andou um pouco esquecido, mais tempo do que eu gostaria. Perdido entre as exigências laborais e a tentadora Netflix, que se apresenta sempre como um bom plano para o tempo que temos livre. No entanto, eu queria mesmo ler mais. Sentia essa necessidade e nem tinha bem noção disso.
No final de 2019 não fiz grandes resoluções de ano novo, mas disse a mim mesma que tentaria incluir a leitura nas minhas rotinas, cheguei até a pensar que idealmente conseguiria ler 12 livros, um por cada mês.
E depois? Depois a vida aconteceu.
Em janeiro li um livro pequenino - Distância de Segurança, que comprei em promoção no supermercado. Li-o rápido e apesar da história não ser marcante foi um passo para concretizar o meu objetivo.
A seguir, decidi instalar a app Kobo no meu telemóvel e o primeiro livro que comprei foi de uma autora portuguesa que eu não conhecia, Helena Magalhães. Comprei o Raparigas Como Nós porque me prometia uma viagem, um regresso ao final dos anos 90 e início dos 00, era um regresso ao passado e a história cativou-me desde as primeiras páginas.
E foi aqui, numa manhã fria, mas solarenga de janeiro, enquanto tomava o pequeno almoço numa pastelaria após ter ido fazer análises, que fiz as duas grandes descobertas de 2020 sem o saber ainda. Descobri a Helena e a Kobo, a quem atribuo a grande responsabilidade de ter lido não 12, não 15, não 20, mas sim 42 livros em 2020. 42!
Passo a explicar, após gostar tanto do livro da Helena fiquei curiosa e fui fazer o que toda a gente faz hoje em dia: pesquisei o nome dela no google e no instagram. Comecei a seguí-la no IG porque me identifiquei logo com os seus conteúdos e passados uns dias percebi que ela era a responsável pelo Bookgang , um livraria online que é muito mais que isso, uma vez que não vende apenas livros, incentiva verdadeiramente à leitura. Uma espécie de Clube do Livro digital. Uma verdadeira comunidade de amantes de livros no Instagram. A Helena teve a brilhante ideia de criar caixas mensais com livros (novos lançamentos, sobretudo) sugeridos por ela. E são tão bons!
E o kobo? Em fevereiro eu ainda pensava que iria de férias para o México na Páscoa (Ah!... a inocência!) e comprei um Kobo, com o intuito de ler nas férias, mas não ir carregada com livros para o outro lado do Atlântico.
Covid, pandemia, confinamento... Já sabem. Não se concretizou o México, mas a vontade de ler foi crescendo de mês para mês, embalada pelas sugestões da Helena, que é uma pessoa super simpática, acessível e que quer fazer a diferença nos hábitos de leitura em Portugal, fui lendo cada vez mais. Comprei livros no Bookgang e comprei livros na Kobo. Fui gerindo, porque gosto muito de ler em papel e aqueles livros que nos chegam ao coração, esses queremos nas prateleiras de casa, para guardar para sempre e sorrir quando olhamos para eles, mas o Kobo é tão prático que já não vivo sem ele. Há espaço para as duas modalidades. E sobretudo, há sempre espaço para a leitura nas nossas vidas.
(Imagem aqui)
Quanto aos livros que mais gostei? Fica para outro post.
Sinto que toda a gente retirou grandes ensinamentos de 2020, mas eu continuo com dúvidas. Provavelmente com mais do que tinha há um ano atrás. E novos receios, claro.
Mas também novos sonhos. E afinal a idade não nos traz certezas de nada (pelo menos a mim), dá-nos, sim, mais confiança para nos fazermos ouvir e também o discernimento de saber quando é melhor estar calados.
2020 não foi uma revelação, mas como tudo, também teve momentos bons. E porque cada história pode ser contada de variados pontos de vista, eu quero recordar esta como um daqueles dias chuvosos que terminam com um pôr do sol glorioso. Porque no final é sempre melhor optarmos por ser felizes.
Ontem estava a anotar na agenda coisas já para o mês de fevereiro e depois parei. Pensei. Não tarda faz um ano que me enviaram para casa, confinada, onde fiquei mais de 50 dias até começar a sair. 9 de março. Impossível esquecer.
Para onde foi o tempo este ano?
E depois lembrei-me que pintamos a casa; que fizemos uma escapadinha para celebrar os 5 anos de casamento; que compramos um toldo vertical para nos proteger a varanda do sol quente do verão; que tive a minha sobrinha comigo 3 semanas quando começamos a desconfinar; que trabalhei imenso; que fiz uma escapadinha a Cabanas de Tavira, que é já aqui ao lado, mas que foram os únicos dias deste ano que tiveram gosto a férias; que arranjamos uma forma de desperdiçar menos água; que li 40 livros; que me senti completamente realizada no dia em que fiz 34 anos; que a minha mãe me fez o melhor bolo de aniversário de sempre; que a minha sobrinha me organizou uma festa surpresa (5 adultos e 2 crianças); que consegui ir à feira do livro de Lisboa; que ele perdeu o apêndice, mas correu tudo bem; que sonhei com as férias que cancelei, com as Maldivas e com um mês inteiro em Madrid; que me apaixonei pela voz maravilhosa de Ella Fitzgerald...
Claro que houve imensas coisas más. Mas estas são as que vou guardar. E tenho a certeza que se pensarem também conseguirão fazer uma lista semelhante.
Se calhar está na hora de começar a fazer as pazes com 2020, para que possamos sair a sentir-nos mais leves.
Ontem, a propósito do post que escrevi, uma amiga enviou-me mensagem já tarde. E escreveu: "Ninguém se importa. Toda a gente sabe. Toda a gente anda descontente, mas ninguém se importa.". Fiquei a trocar mensagens com ela até tarde e hoje acordei a pensar no assunto.
Realmente não nos importamos? Ou temos sido convencidos de que não adianta levantar a voz porque nada vai mudar?
Ano após anos saem notícias onde se valoriza o facto dos portugueses serem pacíficos. E ainda bem. Gosto de viver num país onde não existem grandes conflitos.
Mas pacífico não é o mesmo que dormente. E nós neste momento estamos letárgicos. E não é mais fácil governar quem não reclama? Não é mais fácil aplicar o dinheiro público erradamente quando não há reação? Não é mais simples deixar cair os pilares de uma sociedade, (Saúde, Educação e Justiça), quando ninguém se parece importar? Não dá mais azo a que haja corrupção quando toda a gente finge que não vê?
A minha grande questão é:
Porque permitimos que tal aconteça?
Existe em Portugal uma descrença enorme na classe política. Da direita à esquerda ninguém nos convence. Eu sei, porque sinto o mesmo. Mas se calhar está na hora de entender que a abstenção, (que não para de aumentar), não é a forma certa de reagir, porque nos tem conduzido aqui. A lugar nenhum. Se calhar está na hora de começarmos a pensar no que poderemos fazer, todos nós, cidadãos deste país que a cada dia afunda mais um pouco, para que algo mude.
Tal como disse ontem, aceitam-se sugestões. Comecemos a debater, a falar mais, a fazer-nos ouvir.
Todos sabemos que, com esta pandemia, vamos entrar numa crise económica superior à de 2008. Sabemos que vivemos num país que, não contando com prémios de turismo ou resultados futebolísticos, anda sempre na cauda da Europa. Um país que não tem verbas para a cultura, que ignora as dificuldades que os setores da restauração e do divertimento noturno atravessam, que fingiu que reforçou o SNS, que tem escolas com amianto, sem aquecimento e onde chove (sim! é verdade, asseguro-vos), que não tem creches nem lares suficientes, etc. Mas que continua a financiar bancos e que vai dar 11 milhões de euros para um evento que se está a realizar online, Web Summit. Sim, é verdade.
E isto é revoltante. É desesperante. Porque não consigo deixar de sentir que neste país estão constantemente a gozar comigo. Connosco. Com cada um de nós.
"Portugal é pobre."
"Apertem o cinto."
"Cada português tem uma dívida de x euros."
Quantas vezes já ouvimos estas frases? Quantas vezes mais iremos ouvi-las?
Quando teremos coragem para dizer que basta? Estamos fartos.
E sabem o que é que eu sinto? Verdadeiramente? Que não é uma questão de políticos mais à esquerda ou mais à direita, porque todos eles parecem ingorar-nos. Esquecer-nos quando se sentam na Assembleia.
E se assim é o que nos sobra? Provavelmente juntarmo-nos e fazermo-nos ouvir. Aceitam-se ideias.
Muito se dirá sobre este 2020 no futuro. Muito se tem dito sobre ele no presente. Independentemente da forma como tem afetado cada um de nós, creio que será difícil encontrar alguém que o considere um bom ano. Estamos todos mais do que prontos para nos despedirmos dele e, de preferência, sem grandes alaridos, porque não há grande coisa pela qual celebrar.
Em março, fui das primeiras a ser enviada para casa. Quando toda a gente foi posta em casa eu levava uma semana e meia de confinamento, porque surgiu um caso no meu local de trabalho. Foi um mês duro. Muito duro. E a bem da minha sanidade mental desliguei-me das notícias. E depois da TV.
Passados tantos meses (parece que passou uma vida) continuo a querer saber o mínimo. Mas na era da informação rapidíssima tudo se sabe, não é?
Ontem o meu concelho passou a estar sinalizado. E este mau filme de ficção científica, em que estamos metidos, parece não ter fim.
Olho à minha volta e o que vejo é gente resignada. Estamos por tudo. Parece que 2020 nos quebrou inevitavelmente.
Mas este ano maldito vai perseguir-nos muito mais do que desejamos. Porque vai deixar marca na nossa memória e na forma como nos relacionamos. E porque nos vai meter numa crise económica sem precedentes.
E esta sou eu... A não querer pensar muito no assunto. A não querer dar muita importância. A não querer valorizar os problemas... Mas como fugimos desta longa metragem horrível em que nos meteram?!
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