A C.S.
Eu sou do Alentejo.
As planícies alentejanas serão para sempre uma paisagem à qual não consigo ficar indiferente. Tenho 31 anos, 7 dos quais passados no Algarve. O mar sempre fez parte de mim, ainda antes de tê-lo diariamente.
Provenho de uma família humilde. Os meus pais têm a 4.ª classe, como antigamente se dizia. São jovens. Estão ambos abaixo dos 55 anos. Foram eles que me ensinaram muito do que sei. Foram eles que me incutiram os valores que considero essenciais. Foram eles que me proporcionaram muitas das coisas que tenho.
A minha irmã partilha comigo muitos interesses, mas na generalidade somos muito distintas. Fomos o cão e o gato. Agora já somos mais a unha e a carne.
Sempre fui sociável e as pessoas reconhecem-me com facilidade por dois motivos: o sorriso e o cabelo. Tenho o choro fácil e a gargalhada mais fácil ainda.
Adoro a vida e todos os dias alimento novos sonhos. Sou genuinamente otimista, porque creio que viver com medo do que possa acontecer é uma tremenda perda de tempo. Mas tenho medos, como toda a gente.
Tive uma adolescência feliz. Conheci o amor na escola, mas só anos mais tarde é que o descobri verdadeiramente.
Casei e casava-me novamente, porque foi incrível e porque creio que o tempo nunca andou tão rápido como naquele dia 20.
Tenho amigas e tenho saudades delas. Vivem longe e estamos demasiado tempo sem nos ver.
Gosto de programas caseiros, mas nada me faz mais feliz que fazer a mala para ir a um lugar onde nunca estive.
Fascina-me o desconhecido e a surpresa da descoberta. O contacto com as pessoas e as suas vivências.
Não gosto de pensar que os melhores anos da minha vida foram os que já passaram.
Adoro gestos simples e pequenos momentos que se agarram à nossa memória para sempre.
Tenho mais respostas agora do que tinha há 10 anos, mas também tenho muito mais perguntas para as quais ainda não encontrei resposta. E está tudo bem.
(Imagem aqui)