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há mar em mim

15
Fev18

Inquietações

C.S.

Houve um tempo em que eu saltaria de paraquedas sem pensar duas vezes. Consigo identificar bem esse tempo porque sei exatamente o momento em que terminou. 

Gosto de pensar que hoje ainda me atreveria a saltar. Mas pensaria muito mais sobre o assunto. Sentir-me-ia muito mais atemorizada. 

Diz-se que a idade molda-nos e traz-nos medos. A idade. E as circunstâncias? Se eu não tivesse chocado frontalmente com uma árvore, aos 24 anos, talvez eu ainda fosse uma pessoa dessas que se atiram de cabeça sem pensar duas vezes. Talvez fosse mais livre. Livre de medos, pelo menos.

Às vezes dou por mim a pensar que quero ser aventureira. Que teria coragem de ir sem saber onde. E teria. Sei que teria. Desde que fosse acompanhada. 

Outras vezes nasce em mim a vontade de fazer uma viagem sozinha. Talvez para me descobrir. Talvez para me testar. Talvez para provar que até consigo ser destemida. Mas no meu intimo sei que não me vejo à deriva sozinha. E isto aflige-me. Porque me sinto condicionada.

Esta inquietação antitética faz parte do que sou. Mas o que seria se não a tivesse? Como seria a minha vida se estas dúvidas não residissem em mim? 

Creio que não me resta mais nada a não ser continuar à procura de respostas para as quais nem sei se tenho as perguntas certas.

Este mar que há em mim às vezes fica revolto. 

(Imagem aqui)

08
Jan18

17. Coisinhas que me irritam

C.S.

Bom dia! 

 

Acreditam que não vos trazia uma irritação desde agosto?

(Imagem aqui)

 

É verdade, eu própria fiquei incrédula. E não se deixem enganar, não é sinal de que tenha andado super zen, nem nada do género. Adiante...

 

Devo dizer-vos, porque eu gosto sempre que vocês saibam a verdade, que lutei bastante contra esta irritação. Tentei ignorá-la. Tentei camuflá-la com a alegria das festividades. Tentei de todas as formas, acreditem. Mas não consegui. Portanto, aqui me têm, a uma segunda-feira gélida, a admitir que falhei e que não aguento mais ignorar este assunto... 

 

Mas como é que é possível que dinheiro da Santa Casa seja usado para salvar um banco?! COMO?!

 

Isto causa-me urticária. Isto deixa-me a hiperventilar. Isto dá-me vontade de escrever uma carta ao Marcelo!

 

Como?!

 

Se fossemos um país abundante em infantários, em lares condignos, com um serviço nacional de saúde de primeira, escolas de fazer inveja a qualquer país nórdico e forças de segurança pública bem artilhadas e treinadas para fazer frente a qualquer larápio, onde não existissem pessoas a dormir nas ruas e a passar fome, eu ainda poderia admitir que a Santa Casa de Misericórdia, uma instituição cuja missão é ajudar os mais carenciados, pudesse injetar, (como dizem os entendidos), uma quantidade de dinheiro astronómica numa instituição bancária. Mas não é o caso.

Como se explica, então, que tal aconteça? Como podemos ficar de braços cruzados a assistir, impávidos e serenos, a tal barbaridade? Como podemos achar que é normal que uma instituição de caráter social dê dinheiro a um banco? Como pode a classe política compactuar algo assim? 

Tantas perguntas que ficarão por responder... O país está envolto num suposto otimismo. A crise parece ser um fantasma do passado. E este assunto acabará por cair no esquecimento. 

(Imagem aqui)

05
Jan18

#2 Banalidades

C.S.

Vamos lá saber...

 

- Quem é que, tal como eu, já anda louca/o a delinear as férias de 2018? 

É que não consigo evitar, só a possibilidade já me coloca um sorriso na cara...

(Imagem aqui

 

- Quem é que, tal como eu, tem uma montanha de roupa para passar a ferro e cada vez que pensa no assunto fica com os olhos rasos de água?

(Imagem aqui)

 

- Quem é que, tal como eu, sofre de uma certa bipolaridade? 

(Imagem aqui)

 

Bom fim-de-semana!!!

28
Dez17

2017

C.S.

2017 foi um ano bom. 

Não houve surpresas más a nível de saúde, daquelas que nos pregam valentes sustos. Eu estou bem e a família está bem. É o que se quer. Que continue assim. 

Fui a Lanzarote e à Madeira. 

Não li tanto quanto queria. Nem fiz atividade física como queria. Tenho de melhorar este ponto, tenho sempre de melhorar este ponto. 

Celebrei 10 anos com o A., 2 de casamento.

Vi filmes de que gostei.

Não li tanto quanto queria. 

Fiz fisioterapia ao tornozelo. 

Estive com os amigos algumas vezes, mas não tantas como gostaríamos. 

Comecei a dizer mais aquilo que me apetece e aquilo que me chateia. 

Consegui trabalhar mais um ano como professora. Mas sinto sempre a corda ao pescoço. 

Queria ter viajado mais. Quero sempre.

Fiz uma surpresa à minha B..

Conheci pessoas novas. Algumas que ficarão, outras não. É mesmo assim. 

E comecei um blog. Um blog que se tornou parte importante dos meus dias. Um blog que me permite estar convosco. 

Obrigada por tornarem o meu 2017 mais rico.

Espero que 2018 nos traga a capacidade para enfrentar os nossos desafios pessoais e novos sonhos. 

(Imagem aqui)

 

21
Nov17

Desvaneios sobre os transportes públicos

C.S.

Gosto de transportes públicos. Sempre gostei. Tenho pena de não andar mais vezes. 

Quanto a mim, regra geral, o nosso país está mal servido de transportes públicos. Sim, porque o país não se resume a Lisboa e Porto. Mas isso são outros quinhentos...

Os transportes públicos sempre me permitiram observar. Essencialmente observar, com o bónus de me poderem levar, também, onde quero. 

O tempo de viagem não é minimamente controlado por nós, por isso, quanto a este ponto, ao embarcar resignamo-nos. 

Há quem aproveite para dormir, quem ouça música, quem ligue à sua lista inteira de contactos, quem leia, quem jogue, quem navegue na internet, quem conte a sua vida inteira a estranhos. E existo eu. Que observo. 

Nos transportes públicos as pessoas acham-se invisíveis, julgam que não são notadas por ninguém e por isso relaxam. Colocam a sua verdadeira cara, quer esta seja de tristeza ou de alegria. Enfrentam o cansaço, a depressão, o medo, o entusiasmo. Perdem-se em pensamentos sobre as suas próprias vidas e as suas vivências. 

Nos transportes públicos tudo acontece, mesmo que tudo pareça estar no mesmo lugar. 

Quando visito um país estrangeiro, o meio de transporte que mais gosto de usar é o metro. Ele é palco de amores, desilusões, apertos, assaltos, expectativas, pressas e encontros. É um pedaço de metal que se move ao sabor do pulsar da cidade que o acolhe. 

E se pensarmos bem, os transportes coletivos são o retrato social perfeito da nossa sociedade, pois neles encerram tudo. 

(Imagem aqui)

15
Nov17

Já sentiram empatia hoje?

C.S.

2017-11-14.png

 (Imagem aqui)

 

Ontem, a propósito de uma situação muita chata que aconteceu, tentei explicar aos meus alunos de 7.º ano o significado da palavra empatia, já que todos afirmaram desconhecer o significado da mesma quando os questionei. 

 

Desconhecer esta palavra e toda a conotação que tem pode ser um dos problemas dos adolescentes de hoje em dia, mais, pode ser um problema da sociedade em que vivemos. 

 

Se pensarem um pouco, tenho a certeza que conseguem lembrar-se de pelo menos duas ou três situações que ocorreram, talvez já no decorrer desta semana, onde testemunharam uma clara demonstração de egoísmo e/ou incapacidade de alguém se colocar no lugar do outro. 

 

E em que medida é que isto pode afetar o ambiente em que vivemos? De muitas formas, mas essencialmente a falta de empatia é, do meu ponto de vista, a responsável por muitos comportamentos agressivos que presenciamos, quer estes sejam presenciais ou através do mundo virtual.

 

A falta desta faculdade torna-nos menos humanos, pois não apresentando capacidade empática estamos mais despidos de sentimentos e emoções.

 

A aptidão para conseguirmo-nos colocar no lugar do outro é extraordinária e deve ser incutida no ser humano em tenra idade ou corremos o risco de tornarmo-nos completamente egoístas, egocêntricos e com tendências altamente ditatoriais, pois o que mais iremos almejar é que os nossos caprichos sejam satisfeitos e de forma célere, sem olhar a meios. 

 

Se tivéssemos maior capacidade empática talvez tivéssemos conseguido lidar com a questão dos refugiados de outra forma, talvez não tivéssemos políticos corruptos, talvez não usássemos as redes sociais para atacar tudo e todos, talvez não abandonássemos animais para ir de férias, talvez não se deixassem idosos "esquecidos" em camas de hospitais, talvez valorizássemos as profissões de quem nos defende, ensina, cuida... E talvez eu não tivesse lido, ontem, nas notícias que uma recém-nascida foi deixada na beira da estrada. E talvez essa bebé não tivesse morrido ainda antes de compreender sequer que alguém a colocou no mundo unicamente para sofrer. 

 

Quem sabe...

20
Jun17

Rodrigo Guedes de Carvalho, para mim, um dos melhores

C.S.

"Devemos todos ajudar a construir um mundo onde as crianças vejam que os adultos não faltam à sua palavra." Rodrigo Guedes de Carvalho

 

Concordo em absoluto com a afirmação que o jornalista da sic faz. Creio que, se não temos a certeza de conseguir cumprir uma promessa que fazemos a uma criança, então, mais vale que fiquemos calados. Porque eles não se vão esquecer do que prometemos, vão ficar à espera e se não conseguirmos cumprir a desilusão será enorme.

Um dia a minha mãe prometeu-me algo que, infelizmente, na hora "H" não pôde cumprir. Hoje compreendo perfeitamente os motivos dela, mas na altura, com os meus 6/7 anos aquilo constituiu uma enorme mágoa que demorou a passar.

Não se esqueçam que os miúdos também aprendem por imitação de comportamentos.

16
Jun17

"Somos todos escritores, só que uns escrevem e outros não." Saramago

C.S.

Andava eu a passear pela página da Wook, (site que visito com frequência e que julgo que todos conhecerão...), quando me deparei com o livro Enquanto Acreditar em Ti, de Raquel Strada. Da Raquel Strada? Da Strada da tv? Daquela que está sempre irrepreensivelmente vestida?

Olha...a Strada, agora, também escreve. Pensei eu. Porreiro. Gira, bem vestida e escritora. O que se pode querer mais?!

E imediatamente a minha memória foi buscar um artigo que li no Expresso o ano passado (2016), que me deixou de boca aberta, por ser uma absoluta surpresa para mim. Na altura ainda não tinha o blog, não comentei com ninguém o que tinha lido e passados uns dias já nem me lembrava do assunto, mas hoje a minha memória ressuscitou-o.

"C.S., és tão naif", estarão alguns a pensar. E eu terei de concordar, porque durante anos esta realidade passou-me ao lado, imaginando que quem vê o seu nome na capa de um livro é porque realmente o merecia, mas parece que isto não é assim tão linear.

 

(Atenção! Esclareço, antes de prosseguir, que não faço a mínima ideia de quais as capacidades de escrita da Raquel Strada e acredito que ela possa, realmente, ser a autora do livro, não é isso que está aqui em causa, de todo. Não me interpretem mal.)

 

O artigo do Expresso intitula-se: Os fantasmas que escrevem os livros dos famosos. E agora perguntam aqueles que, como eu, desconheciam esta realidade: "O quê?".

É verdade, parece que ao nível internacional isto é "o pão nosso de cada dia" e que por cá, na nossa santa terrinha, já se começa a fazer o mesmo. Passo a explicar de forma sintética: as editoras querem vender, certo? Os famosos, por serem quem são, vendem. Portanto, não importa a destreza que tenham ou não nas artes da escrita, porque as editoras contratam alguém anónimo que a possua. E não sou eu que o afirmo, é o jornalista do Expresso, atentem:

 

«As editoras querem associar um rosto mediático a um título que venda. E todas as partes saem a ganhar. Talvez aqui o leitor seja o único defraudado. Espantado? São as regras do jogo no mercado das editoras.

E como o segredo é a alma do negócio, o nome destes fantasmas da escrita nem aparece na ficha técnica (ou se aparece é de forma discreta na qualidade de ‘colaborador’) para que a ilusão da proximidade do leitor com a figura pública visada não saia beliscada e as vendas sejam um sucesso.»

 

Que acham disto? Era clara para vocês esta realidade?

Eu não consigo deixar de achar que é feita uma espécie de jogo sujo com os leitores, pois pensam que estão a comprar algo que não o é, ou que pelo menos, que não corresponde inteiramente à realidade.

As biografias, por exemplo, talvez sejam os textos que mais sentido fazem, para mim, socorrerem-se desta técnica, porque uma pessoa pode ter uma vida extraordinária para contar, mas não dominar as palavras e aí, sim, necessita de alguém que conte as suas vivências por si. Todavia, acham correto o uso de escritores fantasma quando se trata, por exemplo, de um romance?

Deixo-vos com esta interrogação, reflitam e partilhem comigo, talvez seja eu que esteja a ver este negócio com maus olhos, quando na verdade é algo, ao que parece, banal. Talvez com os vossos comentários me façam mudar de opinião...

Parece que Saramago nunca fez tanto sentido:

«Somos todos escritores, só que uns escreve e outros não.»

(Imagem aqui)

 

 

 

05
Jun17

14. Coisinhas que me irritam

C.S.

Bom dia! Eu sei, é segunda feira e ainda no post anterior apelei ao amor, ao sorriso, enfim, às coisas belas da vida, mas eu ando aqui com uma irritação atravessada na garganta e de hoje não passa.

Tenho de partilhar isto convosco!

Todos sabemos o que é uma rotunda, certo? Sabemos que é de forma, normalmente, circular, que o trânsito nela se faz no sentindo inverso ao dos ponteiros do relógio e que existe para facilitar a circulação. Concordam?

(Imagem aqui)

 Então alguém me explica o porquê de 99% das rotundas em Portugal terem uma passadeira imediatamente antes da entrada e/ou saída da rotunda? Porquê???

É que se a rotunda serve para ajudar o tráfego automóvel e ciclomotor, as passadeiras colocadas estrategicamente nesses sítios servem para quê? Para atrapalhar, claro está!

Ora uma pessoa quer sair da rotunda rapidamente e prosseguir com a sua marcha, nisto aparece um peão que nos obriga a uma travagem e se quem está atrás de nós não tiver a devida distância de segurança é bem capaz de nos dar um beijinho na parte traseira do carro.

Isto, meus caros, é de uma irresponsabilidade tremenda e eu acho que nos devíamos unir contra este flagelo!

 

O que me dizem?

 

31
Mai17

Há muito tempo que não vejo os telejornais, mas ontem...

C.S.

Ontem, fazia eu um zapping apressado e despreocupado antes de ir  jantar e eis que o pivô da RTP1 atira-me as seguintes palavras: "São números assustadores. Todos os dias na Europa, a cada 2 minutos, desaparece uma criança. São maioritariamente crianças refugiadas que fogem da guerra e procuram abrigo na Europa.".

 

O quê? A cada 2 minutos desaparece uma criança na Europa? A cada dois, uma criança? Na Europa? 

 

Como podemos ouvir tais números e ficar indiferentes? Como podem os dirigentes europeus conhecer tais números e dormir descansados?

Estamos a falar de crianças, que já viram o inferno, que o atravessaram e chegaram à Europa (sabe-se lá como, em que circunstâncias...), algumas acompanhadas e outras tantas sozinhas, crianças que já perderam tanto, se não mesmo tudo.

 

Gostava de saber o que está genuinamente a Europa a fazer para contrariar estes números. Eu, assim a quente, diria que está a fazer muito pouco ou mesmo nada, porque caso contrário os números não seriam tão assustadores.

Não que o desaparecimento de uma só criança não seja motivo de preocupação, mas o desaparecimento de crianças em grande escala deveria fazer soar todos os alertas possíveis.

Os grandes líderes mundiais em vez de andarem a medir o tamanho das pilinhas deviam preocupar-se com o que realmente importa e arranjar soluções para tantos problemas graves que surgem diariamente.

 

Assusta-me pensar o que é feito com essas crianças... Sei que todos saberemos mais ou menos as respostas, basta-nos pensar um pouco, mas queremos ingorá-las, a bem da nossa sanidade mental.

 

No meu mundo ideal as crianças seriam seres intocáveis, imunes a tudo e a todos.

 

(Imagem aqui)

 

 

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