A Raquel
A Raquel tem 41 anos e a vida toda pela frente. Divorciou-se há dois, chorou alguns meses e depois transformou-se. Decidiu começar a preocupar-se só consigo. Inscreveu-se no ginásio e esse local de onde antes fugia a sete pés tornou-se a sua terapia. Fez novas amizades, começou a combinar jantares todos os sábados. Voltou a sorrir muito.
A Raquel, que casou com 21 anos, descobriu que gostava de estar sozinha, sem ter que justificar a loiça por lavar ou o facto do almoço só ir para a mesa após as 15h.
Perdeu metade da família, mas fortaleceu laços com quem gosta dela. Voltou a sonhar e a definir objetivos a médio prazo.
Compreende agora porque dizem que os 40 são os novos 30 e sente-se melhor que nunca, mais confiante e menos stressada. Mais madura e, estranhamente, menos solitária.
Descobriu que consegue ser sexy, que com o olhar é capaz de dizer muito mais que em meia hora de conversa fiada.
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A Raquel divorciou-se porque o marido a trocou por outra, mas já não lhe guarda rancor, intimamente pensa que foi o melhor que lhe poderia ter acontecido. Sabe que os primeiros dez anos de casamento foram felizes e que algures, não sabe precisar quando, ambos se perderam para nunca mais se reencontrarem.
A Raquel que vivia uma existência incolor, passou a reparar mais no que a rodeia, descobriu novos sítios, novos cheiros, novos sabores. Aos 40 anos voltou a viver.