À segunda
O despertador toca. Uma, duas, três vezes...
Um pé no chão. Não está frio.
Ainda não faz frio.
Outubro aqui. E o outono longe.
Que dia é hoje?
É segunda? Acho que é segunda...
Porra!...
É segunda!
Os primeiros minutos do dia passam sempre demasiado rápido.
A rotina matinal em passo apressado.
Hoje não se põe rímel.
Hoje enfrenta-se o mundo com as pestanas em tamanho regular.
Na cozinha o pequeno-almoço come-se. Não se saboreia.
Os sabores são para os domingos.
À segunda engole-se.
Os sapatos. A mala. A garrafa da água.
As chaves. De casa e do carro.
Vá lá que ainda não precisamos de casaco.
Tranca-se a porta.
Chama-se o elevador.
A marmita! Falta a mala da marmita!
O elevador chega quando a porta de casa se abre outra vez.
Agora sim...
Agora é que é...
E a segunda que não para!
E a segunda que nos foge!
Parece que todos saímos de casa minutos mais tarde.
Encontramo-nos todos na mesma rotunda.
Maldita segunda!
Abre o pisca.
A cidade já fica para trás.
Voltamos logo.
À segunda.
Vamos lá...
À segunda.
Que a vida é já.
(Imagem aqui)