Acabaram-se as férias...mas só na teoria...
Teoricamente estarei de férias até quinta-feira, dia 31 de agosto. Mas sinto que já não estou a viver o clima de férias. Porquê?
É fácil responder, porque à minha volta, todas as pessoas que preenchem os meus dias já voltaram aos seus trabalhos e às suas rotinas.
E agora vocês devem estar a pensar... "Sorte a tua, C.S., tens mais férias no mês de agosto que todos os outros.".
Eu até concordaria com este pensamento se não soubesse já, (desde sexta-feira), que no dia 1 de setembro o único sítio onde poderei ir apresentar-me é num centro de emprego para requerer o subsídio de desemprego.
Não fiquei colocada...e há muito tempo que isto não me acontecia.
Como se lida com isto?
Não sei bem dizer-vos, pessoalmente, fui apanhada de surpresa e não senti nada de muito intenso, disse a mim própria que ainda irão sair muitas listas e que alguma terá um lugar para mim. Talvez...
"E se não tiver?" - pensei. Se não tiver, que se lixe!
Não há como não sentir alguma injustiça nisto tudo, porque há dois meses atrás estava ligada a uma escola e todos os dias tinha trabalho para fazer, para ontem, que exigia a minha presença e não outra qualquer. Depois mandam-nos de férias e já somos descartáveis. E a forma como tudo se processa é-nos completamente alheia, não há nada que possamos fazer, a não ser esperar e ter sorte.
Isto é de tal forma que, alguém que se apresente numa escola, que tenha as piores turmas, o horário mais complicado que poderia ser feito, não se pode queixar, não se queixa, porque irá certamente ouvir: "Não te queixes, imagina quantos estão desempregados e quereriam estar no teu lugar". Eu sei. Já passei por isto. E nada faz sentido. Muitas vezes agradecemos o facto de nos darem o pior, porque somos professores contratados e somos descartáveis. Não há um professor contratado neste país que não saiba a sua condição e o que ela implica.
Digo-vos que eu lidei e lido bem com a situação. Ou estou a lidar. Imaginem esta minha sorte mas vivida por uma mãe solteira com dois filhos a cargo, dois filhos de 13 e 8 anos, (conheço uma colega minha nesta situação)...e tantas outras. Cada uma entregue à sua sorte. Cada uma à espera que lhe calhe. Cada uma a ter que lidar com a sua sentença.
Bem-vindos ao ano letivo 2017/2018, onde a maioria dos professores estão desempregados.
(Imagem aqui)