Deixa-te ir...
06:50h
Escrevo-vos de um dos lugares dianteiros de um autocarro.
Atrás de mim estão mais de trinta jovens adolescentes entusiasmados e que falam tão alto que nos é difícil acreditar que acordaram há menos de uma hora.
Vamos a Lisboa e o dia não está para brincadeiras. Ainda assim, esperam-nos para uma peça de teatro no Jerónimos, durante a manhã, e uma exposição à tarde.
Os dias de chuva, só por si, são melancólicos, juntem-lhes uma viagem longa de autocarro e têm o pack completo.
Olho para os miúdos e penso no que me distingue deles...
A idade, obviamente. E com ela?
A experiência? Em quê?
Deixamos a vida correr. Ela acontece inevitavelmente. Molda-nos como se fôssemos um pedaço de argila.
Mas somos verdadeiramente mais dotados aos 30 que aos 15?
Ou simplesmente encaramos os medos de outra forma?
Mais destemida? Não me parece...
Mais camuflada, talvez.
Às vezes sinto um peso enorme nos ombros e julgo que não se deve apenas aos vestígios que me ficam no corpo do treino funcional.
Responsabilidade. Pesa como o caraças!
Talvez seja essa a grande diferença entre a juventude e a vida adulta. Invariavelmente a responsabilidade apanha-nos. Às vezes apetecia-me fugir dela e usaria sete pés se os tivesse. Acreditem.
No entanto, sinto-me mais livre hoje.
Mais livre aos 30 que aos 15.
Sem dúvida.
Fecho os olhos. Respiro fundo. E ponho a playlist a tocar.