Para onde caminhamos?
Quando eu era adolescente e não foi assim há tanto tempo, tendo em conta que tenho 30 anos, as emoções e sentimentos andavam ao rubro. E não só as minhas, também as dos meus amigos e colegas, claro. Alguém não ter correspondido ao nosso olhar ou ao nosso sorriso podia ser o fim do mundo, assim como um aceno de cabeça poderia encher-nos o dia.
Chorávamos e riamos com imensa facilidade. Zangavamo-nos, gritávamos e, às vezes, existiam discussões que poderiam levar meses a passar.
A minha geração foi a primeira a levar telemóvel para a escola. Aprendemos a enviar sms com tal destreza que era muito difícil um professor apanhar-nos. Inventámos abreviaturas para tudo e mais alguma coisa, porque as sms pagavam-se ao preço do ouro.
A minha geração passou por imensas transformações e fomo-nos moldando com o tempo. Mas não me lembro de haver entre nós maldade genuína. Intenção de fazer mal. Gosto em ver o outro mal. Logicamente que pessoas más sempre houve e sempre haverá. Mas parece-me que estas novas gerações estão mais propensas para a maldade. Estão mais à mercê das pessoas más.
Que história vem a ser esta do jogo da baleia? 50 desafios que culminam em suicídio? Como se trava isto? Como podem os pais não ficar histéricos perante estas notícias?
Eu não tenho filhos e quando ouço estas coisas pergunto-me se realmente terei capacidade para ter um filho. Como se sentirá um pai e uma mãe que sabe que o filho se envolveu em tal esquema?
Quero acreditar que muitos dos miúdos que entram neste jogos são aqueles que estão menos acompanhados e, por esse motivo, mais suscetíveis. Mas quem os protege? Quem terá capacidade para controlar esta praga?
Estas notícias são assustadoras. Hoje em dia os miúdos tem acesso a tudo e é muito fácil serem seduzidos. Mais que não seja para conseguirem aprovação e nós sabemos que há muitos adolescentes que, neste momento, fazem tudo para serem notícia. Para aparecerem. Para terem seguidores. Para serem populares, famosos e virais. E é aqui que reside o grande calcanhar de Aquiles da atualidade.
Caminhamos para o abismo?
(Imagem aqui)
(Não é um bom pensamento para terminar a semana. Mas é a atualidade que temos.)