Regresso ao ano de 2000
Ontem tive a oportunidade de assistir a uma sessão de encaminhamento vocacional dirigida a alunos de 9.º ano. Aos meus alunos de 9.º ano. E houve um pouco de tudo. Os decididos, os indecisos e os completamente despreocupados.
Adorei vê-los a refletir sobre o seu futuro. Num dia como o de ontem, marcado pelo terror que o país tem vivido, foi bom poder ver os miúdos a falar do futuro. Do deles e do futuro dos colegas. Das suas dúvidas, certezas, receios... Jovens conscientes, que aos poucos vão traçando o seu plano. Nem todos com a mesma maturidade, é certo, mas todos com o mesmo brilho no olhar.
Inevitavelmente visitei a pequena C.S., aluna de 9.º ano, que se inseria no grupo dos indecisos. Que tinha esperança no futuro, mas também medo. Muito medo. E pensei que se pudesse ir até ao ano de 2000 dir-lhe-ia para ter mais calma, respirar fundo e acreditar nas suas capacidades.
Dir-lhe-ia para confiar mais, sobretudo em si. E para nunca duvidar que os sonhos se tornam reais, ainda que nem sempre sigam pelas linhas que inicialmente traçamos. Teria de dizer-lhe para não ter vergonha dos caracóis, para assumi-los inteiramente, naturais e com volume, pois eram a sua identidade, para não ligar aos comentários maus e para se preocupar ainda menos, (do que já se preocupava), com as opiniões alheias, para não ter vergonha do seu peso e das suas formas, porque afinal ninguém é perfeito ou totalmente satisfeito. Ter-lhe-ia dado um abraço apertado enquanto lhe segredava ao ouvido que se estava a sair bem, mas para se preparar, pois o caminho teria algumas pedras.
Para terminar dir-lhe-ia apenas: "Ao contrário daquilo que tu julgas, tu consegues!".
(imagem aqui)