Sonhos matinais
Sinto o frio da manhã.
Sorrio. Tinha saudades dele.
Lá fora já há barulhos sem fim...
...a vizinha que tira o carro da garagem para levar a miúda à escola.
...os passarinhos que cantam na inocência da sua existência.
...uma mota que acelera sabe-se lá para onde...
...o cão do prédio da frente que quase nunca ladra, mas que agora está a fazê-lo com fervor.
A vida a avançar. Todas as manhãs ao seu próprio ritmo.
A vida a pulsar. Todos os dias, sem exceção.
Espreguiço-me.
Também está na hora de eu avançar.
É hora de calçar os sapatos rasos e enfrentar a loucura que me espera assim que atravessar a porta.
Faço-me à vida.
Com o que tenho.
Com o que sonho ter.
Faço-me à vida.
Na esperança.
Sempre na esperança de alcançar o mundo, por inteiro.
Conhecê-lo. Torná-lo meu.
O mundo. Tão grande. Imenso.
E, no entanto, tão ao alcance.
Meu.
Teu.
Nosso.
O mundo todo.
Nosso e para sempre.
(Imagem aqui)