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há mar em mim

15
Nov19

Reflexão outonal

C.S.

Troveja lá fora e faz frio. E eu apercebo-me que tinha saudades de um outono a sério. Só tenho pena do pouco tempo que tenho tido para o apreciar.

Sim, que o outono requer tempo e uma caneca de café quentinho. Requer mantas e livros, mas também passeios a pé, sem destino certo e o frio a colar-se-nos à cara. 

 

Quando vivia em Évora adorava passear pelas ruas nesta altura do ano, sozinha, percorria ruas e ruelas e visitava as lojas do comércio local a pensar já nas prendas de Natal. Gostava de ver a noite cair, sentir a temperatura a descer e o cheiro das castanhas assadas a invadir-me mesmo que eu não quisesse. Eram tranquilas estas tarde e onde eu passava mais tempo era na livraria Nazaré, perdida entre os livros e, antes de regressar a casa, ainda visitava o Templo Romano, só para passar por ele e certificar-me de que tudo estava certo. 

 

Tem graça como, por vezes e sem esperarmos, as coisas se tornam evidentes. Apercebo-me agora que não é só o tempo que me falta. Falta-me também uma cidade que tenha o encanto certo para um agradável passeio de outono. Portimão tem alguns atributos, mas não é uma cidade pitoresca. Longe disso. É incrível, na verdade. Vivo nesta cidade há cinco anos, já fiz alguns amigos aqui, tenho locais que visito com frequência e, ainda assim, apercebo-me que gosto pouco deste local. Faltam-lhe árvores e sobram-lhe prédios e mais prédios. Existe nesta urbe uma total desordenação e a beleza do mar não chega para esconder todos os seus defeitos. E no outono ainda menos...

(Imagem aqui)

11
Ago18

Para vocês...

C.S.

...uma foto do Algarve que mais gosto. 

IMG_20180811_112504_404.jpg

 Aquele que ainda não foi invadido por milhares de turistas, onde ainda existe autenticidade. O Algarve que anda a um ritmo próprio e que nos encanta com as suas cores. 

Adoro o Algarve. Aquele que sobrevive ao turismo massivo e onde ainda é possível falar com as suas gentes. 

Este é o Algarve das cores reais. Ardeu um pedaço esta semana, mas há de reerguer-se.

 

Tenham um ótimo sábado! 😘

07
Ago18

O inferno aqui ao lado...

C.S.

Monchique está a arder. Há dias que está a arder, mas cada dia parece uma semana. 

Todas as manhãs abro a janela e sinto que o inferno está aqui mesmo ao lado. Tenho a varanda cheia de cinza, o ar está pesado, o céu está cinzento. Quem me dera que fosse chuva, penso. Mas não é. É fumo que anda no ar e o cheiro não engana. 

O inferno anda aqui ao lado. Mas nós fazemos a nossa vida normal. Vou à praia com a família, mas a praia também é um cenário desolador. A água suja, toda ela coberta de cinza. 

Estamos de férias, mas não completamente felizes, porque ninguém é feliz quando se sinte ameaçado. E o inferno está aqui mesmo ao lado. Ao lado da minha casa, a consumir os locais que conheço.

"Tia vamos à água", pede a B. insistentemente, porque quando se tem sete anos não se vê a cinza, nem se sente o temor. E ainda bem. Não podia ser de outra forma. 

Vou com ela à água, mas a tristeza de um horizonte fumarento não me larga. 

O inferno anda aqui ao lado e eu só quero que ele vá embora. 

 

P_20180807_110451.jpg

 

05
Out17

Mais valia ter ficado em casa...

C.S.

Às vezes, vocês funcionam como terapia para mim. Não se sintam mal, é um elogio.

Portanto, cá vai...

(Imagem aqui)

Ontem foi um dia muito cansativo e, para juntar à festa, diga-se que há algumas noites que ando a dormir mal, por isso, quando saí do trabalho sentia-me cansada, de rastos, na verdade. Mas no dia anterior descobri que o António Zambujo iria cantar a 55km da minha casa. Era já ali. E era o Zambujo. E dizia o evento do facebook: entrada livre. E na noite véspera de feriado? Vamos.

Fomos. Tal como havíamos combinado na noite anterior. Apesar do cansaço fomos. Cheguei a casa, banho rápido, troca de vestimentas e lá fomos.

Havia muita gente e foi difícil encontrar lugar para deixar o carro. Ultrapassada esta dificuldade, dirigimo-nos ao local onde o Vasco Palmeirim, da Comercial, já apresentava o evento. Aceleramos o passo, íamos entrar quando nos perguntaram pelo convite. Olhamos um para o outro. Respondemos a uma voz "não temos". "Só podem aceder ao local a partir das 21:30h" disseram-nos com sorriso amarelo. Encolhemos os ombros e fomos procurar um sítio para jantar. 

Comemos, bebemos, demos mais voltas para deixar o carro e quando chegámos ao sítio onde nos fora barrada a entrada eram 21:45h. Naquele momento já entramos sem problemas, porque na verdade já não havia nada para ver, o local estava cheio e o palco estava tão mal posicionado que a única coisa que consegui ver foram os holofotes a mudar de cor e, eventualmente, a girar.

O Zambujo lá ia cantando e encantando, bem ao seu jeito, e o público comportava-se demasiado bem. Ele próprio o referiu.

Aí... Começo a olhar à minha volta e vejo que as pessoas não estão vestidas para um concerto, mas sim para uma festa... Muito vestido, muito blazer, muita clucht e camisa dentro das calças... 

 (Imagem aqui)

E eu amaldiçoei o facebook e as pessoas que consideraram aquele evento de entrada livre. Porque de livre teve muito pouco, já que foi uma festa privada, para a elite algarvia, na qual abriram portas à plebe às horas em que nada mais havia para ver que não fossem os restos da festa.

Amaldiçoei os 55km que me separavam do meu sofá.

Valeu o jantar que, pelo menos, foi bom!

 

01
Jun17

6. Às quintas viajamos...

C.S.

Bom dia!!!

 

Sem demoras, vamos a mais uma viagem. Quem nos guia hoje pelos caminhos da sua adolescência é a simpatiquíssima miss queer, do blog Dez Segundos . (Se não conhecem, façam o favor de visitar. É lá que ela partilha connosco histórias e peripécias dos momentos que compõem a sua vida e daqueles que a rodeiam).

 

(Imagem aqui)

 

Bom dia!

Obrigada, C.S. pelo convite para participar nesta rubrica.

Estive indecisa entre falar-vos sobre a minha viagem a Salou, antes daquilo virar destino de viagens de finalistas; a minha viagem à Madeira, mas já muitas de vocês conhecem; a minha viagem a Leiria, na altura da queima das fitas (apanhei a maior bebedeira da minha vida)… mas a escolha recaiu mesmo sobre a minha viagem de finalistas!

Para contextualizar, fiz o 12.º ano num colégio, sendo nós a única turma de 12.º. O colégio pertence a uma empresa que tem agências de viagens. O diretor do colégio, algum tempo antes, veio ter connosco e perguntou-nos quais os nossos destinos preferidos, para que pudesse tratar da viagem. A realidade é que chegámos à semana que antecedia a viagem e o senhor não tinha tratado de nada.

Nós, doze jovens muito proativos, pusemos o cérebro a funcionar e decidimos tratar do assunto.

Destino: Armação de Pêra! Alugámos a casa a um professor do colégio, enfiámo-nos no expresso e lá fomos, durante sete dias.

Chegados a Armação de Pêra, fizemos pares (à sorte) e dividimos tarefas. Todos cozinhámos, todos limpámos, todos fomos às compras.

Havia dois quartos e uma sala. O quarto de casal ficou para o único casal existente na turma. O outro quarto, com duas camas individuais, ficou para as meninas (5) e os meninos ficaram a dormir na sala. Bem, o G. chegou a vir dormir connosco nas camas. Ficávamos a conversar, a jogar verdade ou consequência, alguém adormecia a meio de uma conversa… E de repente acordava e continuava a falar como se nada tivesse acontecido. Tive pessoas a dormirem abraçadas aos meus pés! Durante esses dias, fizemos fondue de frutas e bolachinhas, comemos sempre bem. Íamos passear à noite (simplesmente vaguear pelas ruas), fomos a bares, fomos aos Zoomarine…

Mas claro, tinha de haver uma peripécia. Uma noite, fizemos um panelão de sangria, pegámos em copos e fomos para a praia. Divertimo-nos, até que o G. e a M. (uma das minhas melhores amigas) se afastam para ir conversar. A A. e a MA também se afastaram para ir conversar. Eu e o P. mandámos os outros para casa e fomos lá para cima, esperar pelos que tinham ficado a conversar. Estávamos a conversar, quando nos aparece um homem bêbado, com uma seringa e uma garrafa partida na mão, a ameaçar-nos. Nós não tínhamos nada para lhe dar… Mas o nosso medo maior foi quando o vemos descer as escadas, para onde estava o G. e a M.! Felizmente, eles tinham-nos ouvido e fugido e foram avisar as outras meninas.

Quando oiço falar nestas viagens de finalistas, em que há muitas confusões, lembro-me sempre da minha. Pode ter sido num sítio mais «fraco», mas foi muito mais rica emocionalmente. Tivemos discussões, ponderámos vir embora mais cedo, mas resistimos! E não precisámos beber até cair para o lado, partir coisas ou seja o que for.

 

(Imagem aqui)

Que tal? Tenho cá um feeling que o destino de hoje é daqueles onde toda a minha gente já colocou o pezinho, não? (Mas não deve ter sido no mês de agosto, porque nessa altura a malta já reservou a área toda há mais de três meses através da colocação de chapéus de sol e toalhas. )

 

Beijinhos e voltem sempre, tá?

15
Abr17

Sou eu a única a pensar isto?

C.S.

Parece que estamos em agosto. Não, não é que as temperaturas tenham aumentado assim tanto, é que parece que todo o mundo teve a mesma ideia: vir passar a Páscoa ao Algarve.

Hoje demorei 20 minutos até conseguir pagar o pequeno almoço e comprar pão e mais 30 minutos na fila do supermercado, ouvi pessoas a gritar com funcionários dos estabelecimentos onde estive, tal como o fazem nas férias do verão, quando parece que todos veem para o Algarve cheios de direitos e nenhum dever. E ainda não eram 10:30h.

Não me comecem já a acusar de impaciente ou intolerante. Sei bem que o Algarve sobrevive, sobretudo, com receitas que provêm do turismo. Mas também sei que quem cá anda o ano todo, independentemente de ser Algarvio ou não, merece ser bem tratado. E com isto quero dizer que as pessoas têm de saber respeitar quem os está a servir. O respeitinho é muito bonito, é algo que os meus pais me ensinaram desde cedo.

 

(Imagem aqui)

13
Jan17

O Algarve não é só mar

C.S.

O Algarve não é só mar. Eu sei-o, vocês também, mas por vezes esquecemo-nos. E esquecemos porque, de facto, as praias algarvias são maravilhosas e são elas o sustento do turismo no Algarve.

Contudo, é bom que não esqueçamos que o Algarve também são as pessoas que por cá andam, muitas delas filhas da terra, mas muitas outras (como é o meu caso) filhas de outras terras, mas que criaram raízes aqui. O Algarve é feito de brisa marinha, sim, mas também de laranjas, amendoeiras e medronho. O Algarve é feito de serra, muita serra, que esconde recantos que a maioria dos portugueses (arrisco-me eu a dizer) não conhece. E também ela merece a nossa admiração, o nosso respeito e a nossa contemplação. A serra de Monchique, no verão de 2016, sofreu com um dos muitos incêndios que devastaram o nosso país. Um dia destes passei por lá e fiquei muito contente ao ver que a vegetação já está, literalmente, a renascer das cinzas e não pude deixar de me questionar se quem ruma ao Algarve nos meses de verão se lembra deste outro Algarve.

Esta terra, que para muitos é sazonal, na verdade tem beleza todo o ano, seja na sua costa, seja nos sítios mais remotos. A sensação que por vezes temos, os que por cá vivem, é que o Algarve funciona a meio gás de outubro até ao final de maio, com uma única interrupção, no final de cada ano civil, feita por aqueles que procuram fogo-de-artifício numa praia qualquer.  

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Esta terra não é perfeita, porque a perfeição é um conceito abstrato e variável, porém tem encanto suficiente para que não seja lembrada apenas na loucura de julho e agosto.

 

Deixo-vos uma foto que tirei no castelo de Aljezur. Sabiam que Aljezur tem castelo? :)

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