O episódio de ontem de Anatomia de Grey
É verdade. Eu ainda sou uma daquelas pessoas que assiste a Anatomia de Grey. É uma série de que gosto tanto, que já me proporcionou tantos momentos bons, que sou incapaz de deixar de ver. Mas na semana passada o episódio foi tão chatinho que disse a mim mesma: "Se isto continuar assim é desta que deixo de ver".
E ontem engoli as minhas próprias palavras. Que belíssimo episódio!
(Imagem aqui)
Racismo, preconceito e violência doméstica. A Bíblia posta em causa. Ou pelo menos as diferentes interpretações a que pode ser sujeita.
Vale mesmo a pena ver!
Relativamente ao racismo e ao preconceito, o episódio de ontem trouxe-nos a questão dos polícias, nos E.U.A. - e não só, terem muito mais pré-conceitos quando estão na presença de uma pessoa negra. E assistimos a diálogos muito bons. A mim tocou-me a conversa que a Dra. Miranda Bailey teve com o filho, pois perante os acontecimentos no hospital, (não vou dizer quais para que não me acusem de ser spoiler), achou que era chegado o momento de transmitir ao filho a postura a adotar caso fosse abordado pela polícia na rua. Vemos a dor nas palavras da mãe e o olhar incrédulo e assustado do miúdo.
Não consegui conter as lágrimas, devo confessar-vos, pois a ideia de que alguém seja descriminado por "ser quem é" é algo que me custa a digerir e mexe comigo. A ideia de descriminar e julgar por traços físicos ou crenças é, para mim, absurda. E, no entanto, ainda é algo que acontece diariamente.
Eu tenho pele clara, mas tenho o cabelo encaracolado e volumoso. E adoro. E a maioria das pessoas que conheço também me dizem adorar. Mas quando andava no sétimo ano havia uma miúda loira de olhos azuis que todos os dias gozava com o meu cabelo e dava-lhe nomes pouco simpáticos. Também já tive quem me dissesse: "Não te ofendas. Mas tu és descendente de africanos? É que com esse cabelo...". Porque me haveria de ofender? Não ofende nada. Desagrada-me, isso sim, o tom em que é feita a pergunta. A desdenha contida em cada palavra.
A verdade é que eu não sei se descendo, mas costumo dizer: "certamente que sim". E até gostava de afirmá-lo com certeza.
A nossa sociedade ainda tem tanto para evoluir. Cabe-nos a nós, a cada dia, todos os dias tentar acelerar o processo.