Consequências dos centros de saúde
Nos centros de saúde o tempo passa de forma muito mais lenta. Os minutos parecem estar todos aleijados e teimam em não andar, mas arrastam-se.
Nos centros de saúde os que estão doentes definham mais depressa, vão perdendo forças à medida do tempo que passam colados às cadeiras que por lá se encontram e desesperam.
O mobiliário dos centros de saúde, assim que trespassou a porta de entrada, perdeu toda a cor, por isso os centros de saúde são autênticas telas desprovidas de qualquer tinta.
Nos centros de saúde os acompanhantes perdem muito mais rápido a paciência e deixam de falar, passam a comunicar só através de sopros e suspiros.
Os médicos dos centros de saúde, coitados, também estão doentes, contaminados pelas filas intermináveis de enfermos à sua espera.
Os seguranças que trabalham nos centros de saúde fazem tudo, menos assegurar a estabilidade do local.
Os enfermeiros dos centros de saúde gostavam de não saber o que é um centro de saúde.
E os próprios centros de saúde gostavam mais de ser uma repartição das finanças, porque pelo menos a esse serviço as pessoas vão quando estão plenas de força, para puderem reclamar até que lhes doa a alma e necessitem de ir ao centro de saúde.