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há mar em mim

12
Fev21

Resumo do que tem sido este meu 2021

C.S.

Já viram isto? 

Eu por cá... E como sou muito esperta, após dias e dias sem dar notícias, venho numa sexta feira à tarde, que normalmente é quando a malta menos aparece por aqui (ou é impressão minha?). 

Não é que tenha grandes novidades, mas ainda assim vou fazer-vos um resumo do que tem sido este meu 2021. 

Começou da forma mais tranquila possível, um belo jantar a dois e um brinde ao ano novo às 23h, porque ele ia trabalhar às 24h. Assim sendo, quando as outras pessoas todas brindaram fiquei doida com o entusiasmo demonstrado pelos meus vizinhos, fizeram tanto barulho, lançaram tanto fogo de artifício, que eu fui à varanda assistir, meio incrédula, e quando entrei em casa estava convencida de que estavam a celebrar o fim da pandemia e não o início do ano de 2021. Achei que se precipitavam.

Passados uns dias voltei às aulas e ainda a primeira semana não tinha terminado e já estava a ser chamada para fazer teste covid, pois uma aluna minha testou positivo. Afinal os vizinhos tinham mesmo desperdiçado fogo de artifício, pois continuava tudo na mesma. 

O meu teste covid deu negativo, mas os alunos em isolamento aumentavam de dia para dia. Chegados a este ponto eu já achava que se calhar 2021 ainda poderia vir a ser pior que 2020. 

"Vamos para casa, mas as escolas ficam abertas." - diziam nas notícias. E a ansiedade aumentava, e o medo e a desconfiança... 

Passados uns dias os governantes tiveram que ceder e lá fecharam as escolas, mas não sem antes voltarem a surpreender toda a gente, pois iriam ser férias forçadas e não ensino à distância. Porquê? Não porque achavam que 15 dias em casa seriam suficientes para travar a pandemia, mas para tentarem entregar em 15 dias todos os computadores que estavam prometidos desde abril de 2020 e dados como entregues, na comunicação social, em setembro de 2020. É engraçado como estas coisas da política se fazem...

Foram 8 dias passados em estado letárgico e os outros 8 passados a tentar dar resposta à enxurrada de mails e tarefas que nos iam sendo atribuídas para dar início à versão 2.0 do ensino à distância. 

E eis que chegamos ao dia de hoje. Foram muitas horas de Zoom numa semana e muitas outras se seguirão. Não sabemos quando tudo vai voltar ao normal, mas há notícias que garantem que é daqui a 10 anos... (Estas notícias só servem para espalhar o pânico, não é?) Valham-nos todos os Deuses!

Enfim...

Resta-nos fazer o melhor que sabemos e como podemos. Usar o tempo livre para trazer um pouco de felicidade às nossas vidas.

Gostam de comédias românticas? Pois vejam muitas.

Gostam de ler? Então devorem livros.

Gostam de um bom copo de vinho? Desfrutem dele.

Querem aprender a bordar? Ontem já era tarde. 

Apetece-vos um bolo? Metam mão na massa. 

Normalmente não celebram o dia dos namorados mas este ano apetece-vos? Força nisso.

Façam o que vos der prazer, que a vida não está para grandes planos e mais vale rir, ainda que não haja nenhum problema em deixar cair umas lágrimas. 

A mim, hoje, deu-me para vir desabafar convosco. 

 

Deixo-vos com um dos pensamentos que partilhei um dia destes aqui

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22
Dez20

E os ensinamentos de 2020?

C.S.

Sinto que toda a gente retirou grandes ensinamentos de 2020, mas eu continuo com dúvidas. Provavelmente com mais do que tinha há um ano atrás. E novos receios, claro.
Mas também novos sonhos. E afinal a idade não nos traz certezas de nada (pelo menos a mim), dá-nos, sim, mais confiança para nos fazermos ouvir e também o discernimento de saber quando é melhor estar calados.
2020 não foi uma revelação, mas como tudo, também teve momentos bons. E porque cada história pode ser contada de variados pontos de vista, eu quero recordar esta como um daqueles dias chuvosos que terminam com um pôr do sol glorioso. Porque no final é sempre melhor optarmos por ser felizes.

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09
Dez20

Fazer as pazes com 2020

C.S.

Ontem estava a anotar na agenda coisas já para o mês de fevereiro e depois parei. Pensei. Não tarda faz um ano que me enviaram para casa, confinada, onde fiquei mais de 50 dias até começar a sair. 9 de março. Impossível esquecer.


Para onde foi o tempo este ano?


E depois lembrei-me que pintamos a casa; que fizemos uma escapadinha para celebrar os 5 anos de casamento; que compramos um toldo vertical para nos proteger a varanda do sol quente do verão; que tive a minha sobrinha comigo 3 semanas quando começamos a desconfinar; que trabalhei imenso; que fiz uma escapadinha a Cabanas de Tavira, que é já aqui ao lado, mas que foram os únicos dias deste ano que tiveram gosto a férias; que arranjamos uma forma de desperdiçar menos água; que li 40 livros; que me senti completamente realizada no dia em que fiz 34 anos; que a minha mãe me fez o melhor bolo de aniversário de sempre; que a minha sobrinha me organizou uma festa surpresa (5 adultos e 2 crianças); que consegui ir à feira do livro de Lisboa; que ele perdeu o apêndice, mas correu tudo bem; que sonhei com as férias que cancelei, com as Maldivas e com um mês inteiro em Madrid; que me apaixonei pela voz maravilhosa de Ella Fitzgerald...

Claro que houve imensas coisas más. Mas estas são as que vou guardar. E tenho a certeza que se pensarem também conseguirão fazer uma lista semelhante.

Se calhar está na hora de começar a fazer as pazes com 2020, para que possamos sair a sentir-nos mais leves. 

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13
Nov20

2020 - o filme de péssima qualidade

C.S.

Muito se dirá sobre este 2020 no futuro. Muito se tem dito sobre ele no presente. Independentemente da forma como tem afetado cada um de nós, creio que será difícil encontrar alguém que o considere um bom ano. Estamos todos mais do que prontos para nos despedirmos dele e, de preferência, sem grandes alaridos, porque não há grande coisa pela qual celebrar. 

Em março, fui das primeiras a ser enviada para casa. Quando toda a gente foi posta em casa eu levava uma semana e meia de confinamento, porque surgiu um caso no meu local de trabalho. Foi um mês duro. Muito duro. E a bem da minha sanidade mental desliguei-me das notícias. E depois da TV. 

Passados tantos meses (parece que passou uma vida) continuo a querer saber o mínimo. Mas na era da informação rapidíssima tudo se sabe, não é? 

Ontem o meu concelho passou a estar sinalizado. E este mau filme de ficção científica, em que estamos metidos, parece não ter fim. 

Olho à minha volta e o que vejo é gente resignada. Estamos por tudo. Parece que 2020 nos quebrou inevitavelmente.  

Mas este ano maldito vai perseguir-nos muito mais do que desejamos. Porque vai deixar marca na nossa memória e na forma como nos relacionamos. E porque nos vai meter numa crise económica sem precedentes. 

E esta sou eu... A não querer pensar muito no assunto. A não querer dar muita importância. A não querer valorizar os problemas... Mas como fugimos desta longa metragem horrível em que nos meteram?! 

26
Out20

¡España, cariño, cómo te echo de menos!

C.S.

Na última semana li um livro cuja a ação se desenvolve entre Madrid e Valência, mas sobretudo Madrid, e fui invadida por uma saudade tremenda de um país que, não sendo o meu, posso dizer que adoro. Em Espanha já vivi momentos de pura felicidade e é um país ao qual estou ligada diariamente pelo meu trabalho. 

Acreditem ou não, um dos momentos mais duros para mim, no confinamento, foi quando começaram a fechar as fronteiras, senti que a Europa estava a erguer muros, ainda que invisíveis, e dei por mim a dizer mais do que uma vez "Eu só queria ir ali a Sevilha". Sevilha vibrante. Sevilha cheia de música e luz e gargalhadas e turistas e cultura... Tão perto (demoro o mesmo tempo a chegar a Sevilha que demoro a chegar a Lisboa) e sentia-a tão longe. Tão triste. 

Esta manha acordei com a notícia de que Espanha voltou a decretar estado de emergência, que pode durar até maio de 2021. Maio de 2021! E eu voltei a sentir um vazio. Depois vi imagens noturnas de Madrid e Barcelona completamente desertas. Madrid e Barcelona silenciosas, escuras e frias. Madrid e Barcelona a precisar de calor humano, que agora se parece ter convertido em algo pérfido. Não consegui evitar sentir um nó na garganta e os olhos rasos de água. 

¡España, cariño, cómo te echo de menos!

 

(Imagem aqui)

30
Mar20

Sobre fraquejar...

C.S.

Entrei na minha quarta semana de confinamento e não consegui evitar sentir, durante todo o dia, um nó na garganta, um peso no peito. Como se estivesse a tentar suster o choro.

Sei que não me posso queixar. Estou bem de saúde, a minha família também e tenho a sorte de ter uma grande varanda onde posso apanhar sol, sentir o vento de norte ou escutar a chuva. Sei disso tudo. Sei que sou uma priveligiada porque, para já, o meu posto de trabalho não corre risco. Mas hoje foi difícil sorrir.

Sinto que não tenho direito a queixar-me porque há tanta gente em situações de risco, tanta gente a trabalhar horas a fio, tanta gente com a vida mais perto da morte...

E no entanto, aqui estou a lamber as minhas próprias feridazinhas. A sentir pena de mim. A repetir palavrões em loop na minha cabeça.

Sim, talvez não tenha direito a lamentar-me. Mas hoje não consigo sentir de outra forma.

Fraquejo e procuro fotos antigas, perdidas no telemóvel, outrora ignoradas e que me parecem agora tão perfeitas e distantes...

 

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28
Mar20

Eventualmente ficará tudo bem

C.S.

"Vamos ficar todos bem."
É uma frase que adoptámos para nos dar conforto e esperança. Um frase que pedimos às crianças que pintassem, chutando, dessa forma, o medo para longe.
Uma frase que nos agarra à vida quando morte anda à solta, mais acutilante que nunca.


Mas os números estão aí. Todos os dias, com hora marcada. A cada dia mais assustadores.


Eventualmente ficará tudo bem, exceto para os que partem. Exceto para os que foram para o hospital e não conseguiram sair de lá com vida. Sem oportunidade de ver familiares e amigos, ainda que por uma última vez.


Ficará tudo bem, sim. Mas não esqueceremos quem já cá não estará para os abraços apertados e os jantares demorados.


Estes dias lembram-nos que Pessoa tinha a razão do seu lado quando, sob o heterónimo de Alberto Caeiro escreveu: Quando chegar a Primavera, se eu já estiver morto, as flores florirão da mesma maneira.

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24
Mar20

"Éramos felizes e não sabíamos" - Parem lá com isso, porra!

C.S.

(Imagem aqui)

 

Vamos lá a saber...

Quantas vezes já se depararam com esta frase nas redes sociais: Éramos felizes e não sabíamos.

5?

10?

30?

99? Mais... 

Dá vontade de ir à janela gritar: ACABEM LÁ COM A MERDA DA LAMÚRIA QUE JÁ NÃO HÁ PACHORRA, PORRA! 

A sério, ninguém acredita que vocês eram felizes e não sabiam. Porquê? Porque a pessoa tende a reconhecer quando está feliz, normalmente é quando não está doente, a vossa vida corre bem, ordenado garantido no final do mês, não têm dívidas por aí além para pagar, vão jantar fora de vez em quando, com sorte com a cara metade que até já fisgaram, e até têm uma viagenzinha ou duas em vista. É isto, para os comuns mortais não é muito mais que isto. 

A não ser, claro está, que já tenham filhos e aí já entram nas vossas contas o bem-estar deles e o quão realizados os conseguem fazer sentir. Porque a vossa criança é todo o vosso mundo e ai de vocês que julguem ser seres individuais, independentes da família que criaram. Neste caso, a vossa felicidade fica dependente do sorriso das vossas crianças. Mas também é fácil ver isso. Ou não?

Se eles têm entre 0 ou 7 anos e passam 50% do tempo a chorar... Já foram. Não há felicidade que aguente. Vão por mim, não são felizes em quarentena, mas também não o eram antes. 

Se os vossos filhos têm entre 8 e 18 anos e passam mais de 60% do tempo a revirar os olhos... Paciência, também não podem dizer que eram felizes. Mas não se sintam mal, toda a gente sabe que um pré adolescente/adolescente suga a vida a todos os seres vivos com os quais convive, usando para isso a sua irritabilidade crónica e desdém por tudo o que não é um ecrã. 

Se não se encaixam nos perfis acima descritos, parabéns! Com certeza que eram felizes, mas de certezinha que já o sabiam antes, porque pais que têm adolescentes em casa e que não os veem soprar ou revirar os olhos na maior parte do tempo sabem que foram abençoados por uma entidade divina qualquer. 

(Imagem aqui)

 

O problema, minha gente, é que a maioria dos seres vivos que estão a reproduzir a frase que dá o título a este post até à exaustão são... 

(Imagem aqui)

 

INFLUENCERS!!!!! Sim. Ver-da-de!!!! Aquelas que pessoas que passam o seu tempo a viajar e quando não estão a viajar estão a receber cremes, roupas e malas para depois nos tentarem vender. 

Acreditam? 

Elas eram felizes e não sabiam. 

Tenho tanta pena! 

(Imagem aqui)

 

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