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há mar em mim

25
Mai19

É fim-de-semana, mas não parece

C.S.

É fim-de-semana e eu estou agarrada ao computador e aos testes. 

Há semanas que os fins-de-semana não significam descanso e eu sinto o cansaço colar-se a mim até aos ossos. 

Estou mais que cansada. Estou farta. 

Maio tem sido intenso e cada novo dia tem trazido um novo desafio, com uma responsabilidade acrescida. 

E eu recolho-me. Não me mostro.

Tendo sempre a ser menos nestas alturas.

O tempo convida à praia, aos dias mais descontraídos, mas este ano ainda nem vontade tive de enfiar o biquíni ou pôr o pé na areia que é já aqui ao lado de casa...

Recordo.

No início do ano letivo disse, ao saber a minha colocação, que este ano me iria dar respostas às perguntas que não se calam. Mas o ano está a chegar ao fim e eu continuo com todas as perguntas e mais algumas.

Não terei sabido ler as respostas?

Não terei interpretado bem os sinais?

Terei ignorado?

Ou não quero ver?

É sábado e eu estou cansada.

É sábado e esperam-me quatro pilhas de testes para corrigir. 

Quatro pilhas, quatro turmas.

E para a semana há mais. 

(Imagem aqui)

30
Jan19

O que queres fazer?

C.S.

O que queres fazer?

 

É terrível esta pergunta.

Assustou-me no 9º ano, quando eu tinha 14 anos e tive de tomar uma decisão para o futuro. Na altura eu sabia duas coisas: que queria que o Benfica fosse sempre campeão e que as únicas aulas que me entusiasmavam verdadeiramente eram as de Português. Dessem-me textos para ler e temas para escrever e eu era uma adolescente feliz.

 

Fantasiava com o amor. Era romântica e nostálgica e sonhava com uma vida melhor. Os livros eram o meu aeroporto, numa altura em que eu ainda não fazia a mínima ideia do aspeto de um. Ninguém me ajudou na decisão, naquele ano de 2001. Porquê? Porque na minha família impera a baixa escolaridade, (os meus avós, maternos e paternos, foram toda a vida analfabetos, por exemplo.), e a minha mãe ouvia-me mas, compreendo hoje, não estava minimamente dentro do sistema de ensino e não tínhamos consciência lá em casa do peso da decisão que eu ia tomar. Sorte a minha, nunca poderia ter sido outra. As humanidades eram o que me apaixonava e os testes psicotécnicos evidenciaram isso mesmo.

 

Fiz o secundário com poucos percalços, mas um deles foi compreender tardiamente que as notas do secundário seriam o meu bilhete de acesso ao ensino superior. Por esta altura comecei a achar que queria uma vida de jornalista, (como não desejar ganhar a vida a escrever?!), ao mesmo tempo em que me rendia à fotografia, ainda que não tivesse qualquer equipamento, fascinava-me o facto de poder conservar para sempre um instante. 

 

Sonhava em viver perto do mar ou mudar-me para o Porto com a minha melhor amiga, onde dividiríamos casa e seriamos universitárias empenhadas.

 

Acontece que nada disto aconteceu. 

 

Por um infeliz acaso eu fiquei mais um ano na secundária e os meus amigos foram às suas vidas. A minha melhor amiga não foi para o Porto, nem para Lisboa, que era a sua segunda opção. Ficou em Évora. E eu? 

 

Eu senti-me meio abandonada durante uns tempos. Depois arregacei as mangas e fiz o que tinha a fazer. Trabalhei durante o verão. Fiz 18 anos e recebi o meu primeiro ordenado no mesmo dia. Entrei no 12º outra vez. Nunca tinha repetido um ano e foi estraníssimo. Saí do grupo de teatro porque já não era a mesma coisa, pois faltavam-me as minhas pessoas, mas melhorei algumas notas e concluí a que havia para concluir. Tirei a carta. E fui pensando no futuro. A professora de Português dizia-me para ler Cartas a Um Jovem Poeta, de Rilke, com o intuito de me inspirar, enquanto a professora de Psicologia me falava de um novo curso na Universidade do Algarve. Também me disse que a língua espanhola era a próxima língua a entrar em força nas escolas. 

 

E eu ponderava. Ponderei até ao último momento. Até não poder mais mesmo. E sem certezas de nada, sem exemplos próximos, tive medo de colocar os meus pais numa situação económica delicada e decidi-me pelo curso que me daria a oportunidade de ficar em casa - Línguas, Literaturas e Culturas - Estudos Portugueses e Espanhóis. 

 

Nunca sonhei ser professora, mas foi no que me tornei. A minha profissão já me deu muitos momentos felizes. E no entanto, não sei se é o que quero ser a vida toda. E este assunto é como uma dorzinha chata. Não mata, mas mói. 

 

Talvez seja só o cansaço a falar. Talvez estas palavras sejam motivadas pela quantidade insana de trabalho que tenho enfrentado ultimamente, (este ano tenho mais de 150 alunos!), mas a verdade é que estou cansada. A segunda verdade é que ainda existe em mim o sonho infantil de viver de e para as palavras. O que é uma grande idiotice, eu sei. E sim, sei como é difícil arranjar emprego hoje em dia e sei que não tenho experiência em mais nada que valha a pena para além do ensino. Eu sei tudo isso. E contudo... 

 

O que queres fazer?

 

Ainda é uma pergunta que me assusta. 

(Imagem aqui)

15
Out18

A dúvida que persiste

C.S.

Em novembro de 2017 pedi-vos prós e contras sobre um assunto delicado: filhos. Praticamente passou-se um ano e eu estou exatamente na mesma em relação a este tema. E não sou só eu, claro. Eu e o A.

Existem momentos em que eu nem penso no assunto, mas depois lá vem outra vez à memória e as dúvidas são sempre as mesmas. É um assunto sobre o qual gostava tanto de ter uma resposta clara, mas não tenho, longe disso.

Se sou incapaz de dizer que tenho 100% de certeza que não quero ter filhos, sou igualmente incapaz de afirmar que os quero ter e quando quero que isso aconteça. 

Tenho 32 anos. Quer queiramos, quer não a idade neste assunto conta, sobretudo nas mulheres. 

Se eu fosse perguntar à C.S. de 20 anos, sei exatamente qual seria a resposta dela: "claro que sim, claro que vou ter filhos." Então o que mudou?

Eu mudei. 

A forma como vejo o mundo mudou. 

O que sonhava aos 20 transformou-se. 

Apaixonei-me. Casei-me. Amo e sou amada. 

A verdade é que não sentimos a falta de mais ninguém. 

Toda a gente diz que os bebés são lindos, cheirosos, maravilhosos, que trazem alegria sem fim, (e eu concordo com tudo isto). Mas...

Há sempre um mas...

O mas da responsabilidade, do medo que se ganha, das noite mal dormidas, do dinheiro muito mais racionado, dos horários, da falta de tempo para as nossas próprias necessidades, das despesas acrescidas quando se viaja...

Um mas que pode não significar nada quando a criança disser "mamã" ou "papá", mas que para mim ainda pesa muito. Na verdade, ainda é um mas gigante. 

Tenho consciência que estas dúvidas podem nunca desaparecer e que o tempo pode ir passando e eu ficarei à espera de uma resposta que nunca chegará. Mas como se pode dar o passo em frente com estas interrogações e inquietações? 

(Imagem aqui)

 

 

Alguém por aí com as mesmas dúvidas? 

Alguém por aí que tenha 100% de certezas no que toca a este tema?

(Ah!...já agora... É imaginação minha ou a maternidade está na moda no instagram? Tudo o que é blogger está grávido ou tem um bebé. Sonhei?)

 

Tenham uma ótima semana. 

 

07
Fev18

Uma espécie de sondagem...

C.S.

Digamos que eu tenho uma amiga que trabalha na área em que se formou. Não ganha o salário mínimo, mas também não ganha o suficiente para ter uma vida confortável, ou seja, sem contar tostões. Imaginemos agora que essa minha amiga tinha oportunidade de ir trabalhar para fora de Portugal, para um país rico, daqueles cujo nível de vida é o que todos nós deveríamos ter. Não vai trabalhar na sua área, é certo, vai trabalhar em algo que não necessita de qualquer especialização, mas irá ser remunerada com o correspondente a dois salários seus em Portugal. 

Pergunta para queijinho:

Se vocês fossem esta minha amiga, o que é que fariam?

 

(É casada, não tem filhos e tem familiares no país de destino.)

25
Jul17

Sobre isto de se ser (candidato a) professor em Portugal

C.S.

E se, antes mesmo das vossas tão apetecíveis férias começarem, a única certeza que tivessem fosse a certeza de que quando as férias terminassem não teriam lugar para onde regressar?

E se isto não fosse uma suposição e fosse o que acontece, ano após ano, aos professores contratados do nosso país? 

 

Um dia Nuno Crato disse que os professores contratados não são professores, não candidatos ao lugar de professor. Não deixa de ter razão...

 

É verdade...

Ainda não fui de férias e já hoje sou confrontada com a realidade de ter de fazer uma lista de lugares para onde poderei (ou não) ser chamada para trabalhar no próximo ano letivo.
 

Ainda amanhã tenho uma reunião, às 10h, à qual não posso faltar, e já hoje tenho de me confrontar com os "ses" futuros...

- E se não concorro para longe de casa e fico sem trabalho?

- E se concorro para longe de casa e fico com uma depressão?

- E se concorro mal? 

- E se há menos vagas?

- E se já não me apetecer mais ser professora?

- E se quiser ser professora e o ministério não me quiser nunca mais?

- E se não apareço nas listas do início de setembro? 

 

Tantos "ses"... E eu só quero ir de férias...

 

Está inaugurada a época do stress pós-ano-letivo.

 

(Imagem aqui)

03
Jun17

1. Coisas parvas (que eu penso)

C.S.

 

(Imagem aqui)

 

Digam-me se acontece o mesmo convosco ou se é só a mim (caso seja, tenho de marcar consulta no psicólogo)...

Quando estou aflita para ir à casa de banho, quando o xixi aperta muito, assim que chego perto da sanita é uma aflição que só visto. Vejo a sanita e tenho de começar a despir-me já quase aos saltinhos, tal não é a vontade e a sensação de urgência que se apodera de mim.

 

 

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