A minha opinião é melhor que a tua!
Como foi que o ser humano se tornou tão arrogante? Sempre fomos assim ou a internet, através da segurança de uma comunicação à distância, indireta, está a fazer com que esta nossa faceta se acentue?
Vivemos num tempo em que a lamentação pela destruição de um monumento histórico e icónico é considerada estúpida por uma fatia da população, que vê a sua voz ganhar ainda mais força quando se recorre à violência verbal para a contestar. Não há lugar a debates de ideias, não se ouvem e contrapõem opiniões. Não. Neste nosso tempo não há lugar para interrogações. Ditam-se certezas. Aponta-se o dedo. Todos querem ter razão, mas ninguém se ouve.
Parece que deixou de haver respeito por uma opinião contrária à nossa. Estamos tão centrados nos nossos próprios umbigos que não queremos admitir que alguém possa discordar de nós.
(Imagem aqui)
Eu nunca fui a Paris, infelizmente. É uma cidade que está nos meus planos desde sempre, mas essa viagem ainda não se proporcionou, no entanto, ontem, quando vi em direto a Torre da Catedral de Notre-Dame cair arrepiei-me.
Arrepiei-me porque estava a ver um dos monumentos mais importantes da Europa a cair.
Arrepiei-me porque me lembrei de ver em direto as Torres Gémeas, de Nova Iorque, a cair.
Arrepiei-me porque nunca vi a Catedral de Notre-Dame e temi que não pudesse vir a fazê-lo.
Arrepiei-me porque achei simbólico aquele monumento estar a arder num momento em que a Europa parece tão fragilizada.
A estudante de humanidades que há em mim reagiu àquelas imagens. Contudo, aceito que para outras pessoas aquele momento nada tenha significado. Mas têm essas pessoas direito a ofender-me pelo que senti? Tenho eu motivos para desprezá-las? Não. Não. E não.
Se há valores que temos de passar às gerações mais novas são o respeito e a empatia, por isso temos a responsabilidade de trabalhá-los diariamente. Não se esqueçam que os miúdos aprendem o que lhes é ensinado, mas também aquilo que veem fazer. Se calhar, está na hora de começarmos todos a olhar para os nossos comportamentos e os comportamentos daqueles que nos são mais próximos e, tentar, começar a corrigir o que está mal. A bem de todos.
Falemos cara a cara, ouçamos, argumentemos, ripostemos, mas acima de tudo, respeitemo-nos.