É o tempo que nos faz
O tempo é, para mim, um dos grandes mistérios do universo.
Não é palpável. Muitas vezes não o sentimos e, no entanto, se olharmos com atenção conseguimos vê-lo.
Este fim-de-semana que passou vi O Tempo.
Vi-O.
Vi-o claramente.
Pude observar a forma como ele passa por nós. Impiedoso. Acutilante.
Vi-o nas rugas da minha mãe.
Estava nos cabelos brancos do meu pai.
Transformou a minha irmã. Já não é a menina de quem tenho de cuidar. É agora outra coisa. Quase adulta, acho. Feliz, espero.
Estava em casa dos meus sogros. Quase disfarçado. Mergulhando tudo numa espécie de decadência.
Mostrou-se evidente nos meus primos... Nos de 5, 11, 21 e 40 anos.
E quando o vi na minha sobrinha quase lhe implorei que andasse devagarinho. Que a deixe ser menina, inocente e feliz sempre.
Muitas vezes não sei o que o tempo fez comigo.
Sei que me moldou.
Porque não para.
Não volta.
Não se arrepende.
O tempo que nos trespassa e repassa.
E corre. A um ritmo perfeito e só seu, que ninguém consegue acompanhar.
O tempo que se ri de nós.
Ano, após ano, na sua eternidade.
Ri. Brinca. Faz o que quer.
Deixa-nos viver.
Mas de vez em quando exibe-se.
Olha-nos nos olhos, só para nos lembrar que anda por aqui.
Lembra-nos que, ao contrário de nós, é imortal.
Que nós não temos tempo a perder.
(Imagem aqui)