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há mar em mim

01
Nov22

Isto

C.S.

Um sonho que não se cumpre não é menos importante que um sonho cumprido.

Um sorriso que não é retribuído não deixa de ser um sorriso.

E o que nos queima por dentro não deixa de arder por fingirmos que não existe.

Tal como estas palavras que vos escrevo têm o mesmo valor, quer sejam ficção ou realidade.

E um "que se foda" não tem de ter sempre um alvo.

Ou sim.
Sei lá eu...

20221021_162442.jpg

21
Mar21

As palavras no Dia Mundial da Poesia

C.S.

Que jamais se desvalorizem as palavras. 

Porque elas podem ser uma arma. 

Arranham.

Doem.

Queimam.

Matam?

Mas também podem ser tão doces como uma panqueca num domingo de manhã.

Podem abraçar-nos. 

Envolver-nos para sempre.

Transformar-nos. 

Que jamais se desvalorizem as palavras que compõem um poema. 

Elas podem-nos salvar.

As palavras podem-nos salvar.

Se forem certas.

E verdadeiras.

Se ficarem para sempre.

E forem repetidas.

As palavras podem-nos salvar. 

Agarremo-nos a elas.

Salvemos nós as palavras. 

 

C.S.

(Imagem aqui)

28
Out20

A melancolia do outono

C.S.

É tão belo o outono e tão melancólico.

Deixa-nos entre o fascínio e o desespero.

Adormece-nos a euforia dos dias mais quentes e torna-nos mais introspetivos.

Adoramo-lo. Mas o frio vai-se agarrando à nossa pele. E as folhas vão caindo e lembrando que nada é para sempre. 

É essencialmente poético e, no entanto, não deixa de ser triste, quando as folhas são só um emaranhado de restos pisados e molhados pela chuva que vai caindo. Como os nossos sentimentos. 

Na nossa cabeça escutamos músicas tristes e antigas, talvez até um crepitar de lenha a arder, na tentativa de encontrar algum conforto. 

A brutalidade do outono atinge-nos sempre, pelo seu esplendor. Pela sua mutação. Pela lembrança de que estamos mais perto de cair também. 

Mas a primavera sempre chega. 

(Imagem aqui)

17
Jan20

As primeiras horas de 2020

C.S.

No primeiro dia do ano, a praia estava cheia, apesar do frio. Havia sol também, que servia para disfarçar a loucura de quem insistiu que no primeiro de janeiro havia de tomar o primeiro banho de mar. 

Pairava no ar uma sensação de euforia, resquícios da festa que havia terminado há um par de horas. A manhã ia-se construindo entre risos infantis e gritos de guerra, que ficavam subitamente agudos assim que a pele quente entrava em contacto com os 13° graus a que a água do mar se encontrava.

A contrastar com a ânsia humana, que quer sempre mais e melhor todos os anos, os pardais andavam por ali, na sua liberdade inata e roubavam restos de comida da esplanada sobre o mar. 

PSX_20200117_100601.jpg

 

14
Jan20

Agora sim

C.S.

Tenho tanto para vos contar e tão pouco tempo.

O mundo explode à nossa volta. Em tarefas e contratempos.

Queria libertar-me das amarras, mas elas teimam em prender-me.

Queria poder ter a liberdade para fazer somente o que me apetecer.

Sonho infantil. 

Ilusão amarga.

Cresce que já é hora.

Baixa os braços. Curva-te.

És nossa agora.

Não vais. Não irás.

Que não te deixam. 

Não te iludas. 

Fica. Senta.

Linda menina. 

Agora obedece. 

Faz como te mandam.

Não te sintas vencida.

Não sintas de todo. 

Existe, simplesmente. 

Agora sim. Agora sim estás onde te queremos.

Agora sim, acabaram-se os devaneios.

Agora sim. 

(Imagem aqui)

19
Nov19

Erro

C.S.

(Imagem aqui)

 

Com que frequência admito o erro?

Como lido com ele? 

Como reajo?

E como reagem vocês? Como? Já se questionaram?

É muito bonita aquela frase que todos sabemos papaguear: "Errar é humano". Atiramo-la como quem pede desculpas pouco sentidas, porque só queremos acelerar a fundo e esquecer que somos falíveis. 

O erro, quando temos coragem do enfrentar, pode transformar-nos. O problema é a incerteza dessa transformação. Queremos sempre que tudo o que nos acontece seja para melhor. Certo? 

Ninguém troca para umas botas piores, um carro pior, uma casa pior, um emprego pior... Até nas nossas relações amorosas achamos sempre que estamos a escolher melhor. "A próxima é que vai ser..." Convencemo-nos. Porque a anterior foi um erro. Um erro! 

Foi mesmo? 

Se olharmos o erro de frente, sem medo, o que é que ele nos vai mostrar? A resposta é simples, mas dolorosa. Vai mostrar-nos exatamente o que passamos a vida a tentar esconder: que somos falíveis. Somos falíveis! Todos nós, sem exceção. 

Eu erro

Tu erras

Ele erra 

Nós erramos

Vós errais

Elas erram

Todos os dias, sem exceção. O erro faz parte da nossa existência, mas temos vergonha do admitir, por isso costumamos camuflá-lo, reprimi-lo ou ignorá-lo. 

Ah... Se nós ousássemos. Se fossemos movidos a coragem...

Já pensaram onde poderiam chegar? Quem poderiam ser? Que fantasmas poderiam enfrentar? 

Não é o erro que nos paralisa, é o nosso comportamento perante a sua presença. Por isso, decidi olhar para o erro. Analisá-lo. Descobrir a sua composição. Tal como Gedeão analisou a Lágrima

Querem saber a que conclusão cheguei? 

Não sei se querem... Mas não há volta a dar. Vieram até cá. Já sabiam onde isto vos poderia levar... Um erro?

Quem saberá?!

As conclusões não foram fáceis. Tive de ir ao fundo de mim. Regressar. Observar. Esperar. 

Quase que hibernava. Quase que desistia... 

Mas depois compreendi

38% de medo.

29% de cansaço.

16% de distração.

11% de decisão.

5% de impulso.

1% de intenção.

Mas 100% humano. 

É nosso. Não há volta a dar. 

É nosso. E é tempo do enfrentar. 

Chega de consentir que ele nos paralise.

Chega de permitir que nos envergonhe.

Chega de deixar que nos diminua. 

Chega!

O erro é meu e assumo-o. Vou encará-lo. Expô-lo e excomungá-lo. Ultrapassá-lo. 

E depois? Depois...

Respiro fundo. 

Sorrio.

E vou...

Que outros erros hão de vir. 

Mas eu já não sou prisioneira deles. 

Já não me escondo. 

O erro. Que vontade de rir. 

O erro?

Afinal pode mesmo existir. 

 

(Texto original que enviei a uma grande amiga minha, que é atriz, e que depois de adaptá-lo, deu origem à peça Erro, Berro, Barro, que esteve em cena no passado mês de maio na S.M.U.P., Cascais.) 



17
Jun19

Desabafos de Segunda

C.S.

Como é possível que vivamos a vida de um modo tão frenético, tão stressante, que às vezes damos por nós a pensar: "já estamos em junho? Como é que vim cá parar? Para onde foi o tempo entre o Natal e o presente?". 

Será isto viver no limbo?

Será isto o aproximar do estado de burnout?

Tenho memória de momentos fugazes de felicidade nos últimos meses, mas a maioria é um emaranhado de trabalho, confusão, stress, prazos, testes, reuniões, barulho ensurdecedor, gritos que não se materializam, frustrações, desilusões... 

E o tempo, traiçoeiro, vai escorrendo, fazendo troça de mim e do meu estado de semiconsciência. 

Estamos em junho. O sol já aquece. 

E eu sinto-me, ainda, perdida num labirinto coberto de nevoeiro frio e denso. 

Um frio que chega aos ossos. Em junho. 

Mas eu não baixo os braços. 

Eu não hei de desistir. 

Quero sair.

Quero muito sair!

E sei que já faltou mais. 

(Imagem aqui)

 

Tenham uma ótima semana e enviem-me muita energia positiva. Ou isso ou um bilhete de avião para um destino turístico qualquer... Tenho a certeza que será mais eficaz. 

😆😇

🙏

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