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há mar em mim

22
Jun17

Desabafos

C.S.

Sinto-me estranha. Há vários dias que me sinto assim.

Os últimos dias têm sido ricos em acontecimentos, alguns que jamais serão esquecidos e outros que daqui a uns tempos talvez já ninguém se lembre que aconteceram. E, no entanto, não me tem apetecido vir aqui opinar sobre nada disto. Eu que tenho sempre uma opinião, tenho andado bastante calada.

Tenho evitado as notícias, mas hoje em dia elas chegam-nos sem qualquer aviso, até

no telemóvel recebemos "as últimas".

Sou incapaz de compreender o fascínio que há em escrutinar as histórias dos infelizes que perderam a vida naquele impiedoso incêndio.

Não tenho capacidade para assimilar que Judite de Sousa, que passou por uma tragédia pessoal, vá fazer notícias junto de cadáveres, apontando para eles, numa frieza incompreensível. Também me deixa atónita que a tvi, entre tantos jornalistas que tem, tenha decidido escolher, para descer aos infernos, uma pessoa que psicologicamente não está a 100%, lutando ainda com os seus dramas pessoais.

Fico literalmente de boca aberta, pasmada, quando ao fazer zapping me deparo com uma outra senhora jornalista, esta da sic notícias, que em direto vai contando os passos que separam a igreja onde estão a decorrer as cerimónias fúnebres, de uma das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, da entrada do cemitério e durante a curta caminhada vai lamentando que esteja do lado de fora da igreja, por a cerimónia ser privada.

E eu sinto-me estranha com tudo isto.

Depois temos uma Ministra da Administração Interna que gosta de recusar ajudas em tempos de verdadeira crise e caos. Temos gente que aponta o dedo aos GNR, por não cortarem todas as estradas, aos bombeiros, por não serem tão céleres quanto deviam, à meteorologia, porque não previu a queda do raio...

Há gente que fala na tv e que diz que o que faz falta ao país são engenheiros florestais, num discurso oportunista para vender uma profissão do seu interesse.

E eu fico mal disposta com tudo isto.

E são as greves de professores que são verdadeiros tiros no pé e são as fugas de informação sobre os exames nacionais e são os jornalistas que confundem publicidade com notícias e são prazos para cumprir e é um calor dos diabos...

E a mim apetece-me fugir. Dói-me a atualidade e a realidade.

 (Imagem aqui)

 

Desculpem-me, mas hoje não haverá Às quintas viajamos..., voltará na próxima semana.

19
Jun17

Depois da devastidão o que fica?

C.S.

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 (Imagem aqui)

Fica a esperança. A esperança de um dia melhor. De que os erros sirvam, enfim, para aprender.

Que esta segunda-feira seja marcada pela esperança, não esquecendo (jamais!) o que aconteceu, mas haja algo que nos mova, que nos faça seguir em frente.

 

Boa semana! Sejam bonzinhos uns para os outros.

 

18
Jun17

Quando nos faltam as palavras...

C.S.

Ontem à noite, recebi um sms informativo dedicado a um incêndio que estava ativo na zona centro do país. Mas só hoje, com o avançar do dia, compreendi a dimensão do acontecimento. A trágica dimensão.

O que se pode dizer perante uma tragédia? Que palavras podemos usar que não soem a cliché? Que lamentamos? Que estamos solidários? Que alguém tem de ser responsabilizado? Que os bombeiros são heróis?

(Imagem aqui)

 

O fogo sempre me assustou. Pela sua violência, pelo cenário de destruição que deixa na sua passagem e pela dor que provoca.

Para mim os bombeiros são o as pessoas mais destemidas que existem, porque conseguem avançar para combater as chamas, sem vacilar, sem pensar no que fica para trás, sem pensar na saída. Sou incapaz de vos explicar o profundo respeito e admiração que sinto perante estas pessoas e, para mim, é totalmente inconcebível que hajam voluntários, numa profissão que deveria estar plenamente consagrada como tal, condignamente remunerada e reconhecida.

 

Vi há pouco imagens avassaladoras. Do fogo. De impotência. De perplexidade. De desespero. De terror.

Vi um senhor, a rondar os 60 anos, que chorava e dizia que não sabia do filho, que tinha perdido tudo... E um outro, mais velho, a desculpar-se pelas lágrimas, dizendo que perdeu muitos amigos, que um terço da população da sua terra desaparecera...

(Imagem aqui)

 

Vi imagens de carros fantasmas, que já foram de alguém e que hoje jazem como sepulturas fora de sítio.

 

E nada disto faz sentido. Estou à espera que digam que este domingo negro não passou de um enorme pesadelo. E espero igualmente que os nossos governantes compreendam a importância de investir dinheiro na proteção civil. Porque a chave não será salvar, será prevenir.

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