Reflexão outonal
Troveja lá fora e faz frio. E eu apercebo-me que tinha saudades de um outono a sério. Só tenho pena do pouco tempo que tenho tido para o apreciar.
Sim, que o outono requer tempo e uma caneca de café quentinho. Requer mantas e livros, mas também passeios a pé, sem destino certo e o frio a colar-se-nos à cara.
Quando vivia em Évora adorava passear pelas ruas nesta altura do ano, sozinha, percorria ruas e ruelas e visitava as lojas do comércio local a pensar já nas prendas de Natal. Gostava de ver a noite cair, sentir a temperatura a descer e o cheiro das castanhas assadas a invadir-me mesmo que eu não quisesse. Eram tranquilas estas tarde e onde eu passava mais tempo era na livraria Nazaré, perdida entre os livros e, antes de regressar a casa, ainda visitava o Templo Romano, só para passar por ele e certificar-me de que tudo estava certo.
Tem graça como, por vezes e sem esperarmos, as coisas se tornam evidentes. Apercebo-me agora que não é só o tempo que me falta. Falta-me também uma cidade que tenha o encanto certo para um agradável passeio de outono. Portimão tem alguns atributos, mas não é uma cidade pitoresca. Longe disso. É incrível, na verdade. Vivo nesta cidade há cinco anos, já fiz alguns amigos aqui, tenho locais que visito com frequência e, ainda assim, apercebo-me que gosto pouco deste local. Faltam-lhe árvores e sobram-lhe prédios e mais prédios. Existe nesta urbe uma total desordenação e a beleza do mar não chega para esconder todos os seus defeitos. E no outono ainda menos...
(Imagem aqui)