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há mar em mim

05
Out17

5 de outubro - Dia Mundial dos Professores

C.S.

Acredito que se há profissão sobre a qual todos têm opinião é a de professor, isto porque todos contactamos com ela.

 

Há quem os adore, quem os deteste, quem não queira saber deles para nada e quem os procure com frequência.

Há quem os admire e quem não lhes veja nenhuma qualidade.

Há quem só queira ver-se livre deles e há os que partem com saudades.

Há quem ache que não fazem nada e quem defenda o contrário.

Há quem lhes dirija a sua raiva e frustração e há quem veja neles um ombro amigo.

 

Há de tudo...mas não há quem lhes seja indiferente.

 

Hoje, 5 de outubro, é dia dos professores.

 

(Imagem aqui)

 

 

 

 

28
Ago17

Acabaram-se as férias...mas só na teoria...

C.S.

Teoricamente estarei de férias até quinta-feira, dia 31 de agosto. Mas sinto que já não estou a viver o clima de férias. Porquê?

É fácil responder, porque à minha volta, todas as pessoas que preenchem os meus dias já voltaram aos seus trabalhos e às suas rotinas.

E agora vocês devem estar a pensar... "Sorte a tua, C.S., tens mais férias no mês de agosto que todos os outros.".

Eu até concordaria com este pensamento se não soubesse já, (desde sexta-feira), que no dia 1 de setembro o único sítio onde poderei ir apresentar-me é num centro de emprego para requerer o subsídio de desemprego.

Não fiquei colocada...e há muito tempo que isto não me acontecia.

Como se lida com isto?

Não sei bem dizer-vos, pessoalmente, fui apanhada de surpresa e não senti nada de muito intenso, disse a mim própria que ainda irão sair muitas listas e que alguma terá um lugar para mim. Talvez...

"E se não tiver?" - pensei. Se não tiver, que se lixe!

Não há como não sentir alguma injustiça nisto tudo, porque há dois meses atrás estava ligada a uma escola e todos os dias tinha trabalho para fazer, para ontem, que exigia a minha presença e não outra qualquer. Depois mandam-nos de férias e já somos descartáveis. E a forma como tudo se processa é-nos completamente alheia, não há nada que possamos fazer, a não ser esperar e ter sorte.

Isto é de tal forma que, alguém que se apresente numa escola, que tenha as piores turmas, o horário mais complicado que poderia ser feito, não se pode queixar, não se queixa, porque irá certamente ouvir: "Não te queixes, imagina quantos estão desempregados e quereriam estar no teu lugar". Eu sei. Já passei por isto. E nada faz sentido. Muitas vezes agradecemos o facto de nos darem o pior, porque somos professores contratados e somos descartáveis. Não há um professor contratado neste país que não saiba a sua condição e o que ela implica.

Digo-vos que eu lidei e lido bem com a situação. Ou estou a lidar. Imaginem esta minha sorte mas vivida por uma mãe solteira com dois filhos a cargo, dois filhos de 13 e 8 anos, (conheço uma colega minha nesta situação)...e tantas outras. Cada uma entregue à sua sorte. Cada uma à espera que lhe calhe. Cada uma a ter que lidar com a sua sentença.

Bem-vindos ao ano letivo 2017/2018, onde a maioria dos professores estão desempregados.

(Imagem aqui)

 

06
Jun17

E a reposta certa é...

C.S.

 

 

Sim, é verdade. Há sete anos que sou professora. Com tudo aquilo que de bom e de mau implica. Sou professora do ensino público. Ensino língua espanhola a alunos do ensino básico e secundário. 

Todos os anos no final de agosto vivo a experiência de não saber se posso trabalhar mais um ano ou não. E se trabalhar onde é que irei ficar.

Este ano faço diariamente 110km para dar aulas e aquilo que recebo no fim do mês esvai-se, uma boa parte, em gasóleo e portagens. 

 

A parte boa é que existem miúdos que realmente querem aprender e outros que o querem mesmo sem que o  saibam. A parte má é que já fui desrespeitada e ofendida por gente que ainda nem 16 anos tem. 

 

Como vos disse, esta profissão tem coisas de que gosto muito (o sentir que posso passar algum conhecimento para alguém, a parte humana que esta profissão implica, a parte enriquecedora de conviver com tantas história distintas...), mas às vezes não sei se isto será para sempre ou, pelo menos, se será para mais um ano. 

Ora por mim, ora porque o Ministério da Educação acha que sou descartável. 

 

06
Jun17

Vou-vos dar um pouco mais de mim

C.S.

Este blog fará esta semana 5 meses. Parece-me muito, mas ao mesmo tempo tão pouco.

Os números valem o que valem, até porque a mim sempre foram as palavras que me cativaram. Contudo, 21542 visualizações e quase 3000 comentários depois apetece-me contar-vos algo que desde o início não sabia bem se o queria fazer ou não.

Prende-se com a minha profissão. Aquela que escolhi e na qual tenho trabalhado (por sorte!) desde que me licenciei. Aquela que me faz vivenciar sentimentos completamente contraditórios. Aquela que me faz sair da cama, mas que também me dá, tantas vezes, vontade de atirar com a toalha ao chão.

Digo-vos que acho que é uma das profissões mais incompreendidas atualmente em Portugal, (pelo menos é o que eu sinto), e uma das que a opinião pública mais gosta de julgar.

É uma profissão à qual ninguém se pode entregar apenas pela metade, exige diariamente que estejamos a 100% e se não estivermos temos de fazer para estar.

Também considero que é uma das profissões em que mais somos julgados por ser jovens e, estando nessa condição, temos sempre algo a provar e a garantia de olhares constantemente desconfiados.

Faço o que faço há 7 anos. Não é muito, mas também não é pouco. Já bati muitas vezes com a cabeça, já aprendi a defender mais os meus direitos e a fazer-me ouvir. Construi uma carapaça sobre tantos aspetos e ainda tenho tantos degraus por subir...

No Há mar em mim já vos confessei que gostava de mudar de rumo e, no entanto, não sei bem se o conseguiria fazer. Às vezes ambiciono a mais do que aquilo que sei que posso. É mau? É bom? É o que é...

 

Nunca fui daquelas meninas que sempre soube o que queria fazer, mas no primeiro dia em que trabalhei na minha área senti-me feliz e realizada. Hoje já não vivo com o entusiasmo dos primeiros tempos. Claro, todos os amores evoluem para algo diferente, depois da fase da paixão desenfreada.

Hoje estou mais consciente das virtudes e defeitos da minha profissão. E atualmente encontro-lhe mais defeitos, devo confessar.

 

(Neste momento adorava saber se alguém já saberá aquilo que eu faço...)

 

Falta-me explicar-vos o porquê de não estar segura de querer ou não revelar-vos esta parte da minha vida. Quando criei o blog estava num momento em que me sentia mal comigo própria e este mal-estar foi causado, totalmente, por questões profissionais, pois a minha vida pessoal, felizmente, estava e está de vento em popa.

Não sabia se iria abordar aqui algo relacionado com o meu âmbito profissional. Mas sobretudo não sabia se vocês quereriam voltar aqui ou ler-me da mesma forma se soubessem o que faço. É um absurdo, eu sei. Dirão alguns que estou a hiperbolizar, mas acreditem que foi o que genuinamente pensei.

Então porquê dar este passo?

Digamos que este blog se está realmente a tornar uma extensão de mim, uma espécie de diário, e ignorar aquilo que ocupa 12 horas do meu dia parece-me que não faz qualquer sentido. Assim, hoje de tarde dir-vos-ei o que faço. Até lá podem, se se quiserem dar a esse trabalho, fazer as vossas apostas nos comentários.

 

 (Imagem aqui)

 

 

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